Oi gente!
Finalmente!!! \*O*/ hehe Desculpem a demora, sou só uma e as vezes a preguiça se agarra em mim, aí já viu né? XD malz. Agora vão ler. Vão. Vão. =D
bjs!
Lena Jaeger.
Capítulo 8: Nosso tempo é eterno
Resumo:
Provando
o ar que você está respirando
Eu
sei que não vou esquecer nada
Notas
da autora:
Às
vezes eu me pergunto por que eu ainda me importo em começar notas. Alguém ao
menos as lê?
Passando a assuntos mais importantes. A
maravilhosa, linda Lollylicker (como eu a conheço), desenhou um fanart para
mim. É lindo e eu amo. Você pode vê-lo aqui. Vá ver, vá ver. J
Eu não estava pronto para encarar todo mundo, então, quando
chegamos ao Motel 6, eu silenciosamente puxei Eren para o ônibus ao invés de
para a recepção. Ele não protestou, me seguindo sem questionar. O ônibus era
uma sucata feia e cinza a distância, mas prometia isolamento, escuridão
artificial e mais tempo a sós com Eren. Era isso que eu queria, ficar com ele e
apenas com ele. Parecia que uma porta que eu nem sabia estar lá tinha
finalmente sido aberta para mim e eu queria explorar o interior do quarto para
qual ela levava.
Empurrando a porta deslizante do ônibus quando chegamos nele, eu
peguei o cilindro de oxigênio de Eren e o deixei entrar na minha frente. Depois
que ele estava dentro, eu subi fechando a porta atrás de nós. Ele sorriu para
mim, virando-se para andar para trás, seus olhos prometendo coisas que eu
queria tão desesperadamente. Cada parte dele era tentadora, das mechas
lustrosas de cabelo na cabeça dele às suas longas pernas que me faziam
visualizá-las em volta da minha cintura.
Tudo o que ele era, eu queria. Não tinha nada de errado com ele.
Eu não me importava com a cânula que afirmava que ele era doente, porque, em
comparação com seu sorriso, ela não era nada, uma memória distante que estava
rapidamente sumindo. Eu não deixaria isso ficar entre nós dois. Se ele, em
algum momento, tivesse problema para respirar, eu ficaria do lado dele, porque
nada poderia me afastar.
“Eren”, eu sussurrei na escuridão, minha voz sem fôlego, sem
força.
Ele agarrou a frente da minha blusa, me puxando para o assento
ao lado dele e, desse jeito, meus lábios estavam nos dele de um jeito
totalmente diferente do que estiveram antes. Esse beijo era urgente,
suplicante, como se não pudéssemos ter o suficiente um do outro, como se não
houvesse tempo no mundo para saciar esse desejo que tínhamos despertado aquele
dia na praia.
Eu corri meus polegares pela linha de sua mandíbula, apreciando
o som suave que isso tirava dele. Em retorno, ele passou seus braços em volta
do meu pescoço, me puxando para mais perto, seus dedos deslizando pelo meu
cabelo. Eu me inclinei para trás querendo ver seu rosto, satisfeito com a
expressão que eu encontrei, mas antes que ele pudesse se mover, eu beijei uma
trilha para o pescoço dele, onde eu deixei minha língua pressionar contra sua
pele. Ele inclinou a cabeça para trás, garantindo-me mais acesso, suas unhas
mordendo meus ombros quando eu comecei a sugar.
Eu
quero ele. Eu quero apagar a linha que mostra onde ele começa e eu termino.
“Nós estamos uma bagunça”, Eren respirou, segurando meu rosto.
Quando eu olhei para cima, ele se inclinou para frente, fechando o espaço entre
nós. “Todos vão saber o que estivemos fazendo”.
Eu coloquei minhas mãos dos dois lados da cintura dele,
forçando-o a se recostar no assento. “Eu nem me importo”, eu sussurrei quando
nossos lábios não estavam unidos, “Você?”
“Não, então não pare”.
“Eu não estava planejando isso”.
O tempo se perdeu em nós. Nós provavelmente teríamos ficado lá a
noite inteira se não fosse pelo som da porta deslizante abrindo. Aquilo nos
separou bem rápido e nós sentamos direito ao mesmo tempo, nossos cabelos
bagunças selvagens no topo de nossas cabeças. Nós trocamos um olhar, vimos
nossos lábios inchados de beijo e, então, sorrimos como idiotas um para o
outro. Esse era nosso segredo, mesmo que a evidência estivesse bem a vista.
“Levi? Eren? Eu sei que vocês estão aqui”. Aquela era a voz de
Jean. “O treinador Smith me fez arrastar minha bunda até aqui, então é melhor
me responderem”. Com um suspiro agravado, ele entrou no ônibus, uma silhueta
escura se manifestando diante de mim. Quando ele nos viu sentados ali, ele
disse “Cheira a tesão aqui dentro”.
Eren riu e eu rolei meus olhos.
“Cala a boca”, eu disse. “Em quantos problemas estamos?”
Jean tomou seu tempo em responder, escolhendo andar de volta
para onde estávamos primeiro”. Você ficaria surpreso com o quão persuasiva
Petra pode ser”, ele me disse. “Ela explicou para o treinador como vocês dois
praticamente propuseram casamento no ônibus e estavam fora sendo adolescentes
bobos e imprudentes. Adolescentes que estavam embriagados de luxúria e toda
essa merda boa”.
“Ela falou mesmo?” Eren perguntou, colocando sua mão um tanto
acima demais na minha coxa.
“Sim”, Jean retorquiu. “Ajuda que o Erwin confie no Levi. Caso
contrário, tenho certeza que ele já teria ligado pro seu pai a essa hora. Vocês
ao menos tem noção de quanto tempo ficaram fora?”
Eu encolhi os ombros, não me importando. “Nós queríamos ficar
fora por mais tempo”.
“Okay, só pra vocês saberem, eu vou dividir um quarto com vocês
dois. Por favor, me digam que eu não vou ser submetido a sons de transa crua e
ardente, porque eu não acho que tenham terapeutas suficientes no mundo que
poderiam me curar desse trauma”.
Eren nem estava preocupado com o que Jean tinha acabado de
dizer; porque tudo o que ele ouviu foi que estaríamos no mesmo quarto essa
noite. Ele se virou para mim com um sorriso torto, sua mão deslizando para cima
em minha coxa, tirando um arrepio de mim. “Estamos no mesmo quarto”, ele disse.
“Deveríamos submetê-lo aos sons de transa crua e ardente?”
Eu sabia que ele estava brincando, mas isso não impedia minha
mente de perder o controle.
“Eu, literalmente, vou matar vocês dois”, Jean murmurou. Ele
apontou com o polegar por cima do ombro. “Vamos entrar logo. Está mais frio que
meu coração aqui”.
“Droga”, eu disse. “Eu não sabia que a segunda era do gelo tinha
chegado”.
Isso me garantiu um olhar penetrante que poderia matar um rato
bebê. Era o olhar-assassino-de-bebê-rato oficial dele.
“Certo, estamos indo”. Eren assegurou, levantando-se. Ele passou
de lado, então estava de frente para mim e eu levantei minhas mãos para
coloca-las na cintura dele, amando a sensação dos seus quadris contra meus
polegares.
“Meus olhos precisam ser completamente esterilizados agora”,
Jean disse, se virando para longe de nós com um humpf. “Vamos. É cedo o
suficiente para convencermos o treinador a nos levar para jantar ou algo assim.
Tudo o que comemos hoje foram lanches de uma máquina de venda e eu estou À
beira do canibalismo. Então, a menos que vocês queiram me ver roendo suas
pernas no estilo zumbi, eu sugiro que vocês se apressem”.
Eren virou seus quadris com um sorriso diabólico no rosto antes
de pegar seu cilindro de oxigênio. Com outro passo, ele me deixou sentado lá
olhando fixamente para ele enquanto ele passava pelo Jean, que bufou para a
minha expressão. Eu o ignorei e levantei, fingindo que eu não estava totalmente
afetado pelo garoto na nossa frente.
Nós nem tínhamos saído antes do resto do grupo mergulhar sobre
nós como morcegos saídos do inferno. Eles estavam muito mais irritados conosco
do que o treinador, porque, de acordo com Sasha, nosso pequeno desvio os
impediu de sair para pegar comida de verdade. Ela parecia pronta para nos
assassinar com um objeto cego, mas, depois de Connie lhe dar uma barra de
Snickers, ela se acalmou consideravelmente.
“Ah, tudo bem. Tudo bem. Já chega. Se acalmem”, treinador disse,
batendo no ar. Quando todos estavam quietos, ele continuou, “Okay, eu estou
mais que ciente que estivemos sentados aqui pelas últimas quatro –“
“Cinco”, Annie interrompeu com um tom frio.
“Cinco horas”, treinador se corrigiu, “mas Eren e Levi estão de
volta agora e ainda é cedo o suficiente para ir em um bom restaurante. Que
tal?”
Todos falaram ao mesmo tempo querendo dar opiniões, mas Erwin só
os guiou para dentro do ônibus. No entanto, jeito que ele estava me olhando me
pregou no chão. Ele não parecia com raiva, mas eu sabia que ele queria
conversar comigo sobre a fugida que eu tinha dado. Ele não me deixaria escapar
dessa tão facilmente, porque o resto dos estudantes pelos quais ele estava
responsável pensariam que seria simples escapar de coisas desse tipo.
Depois que Petra persuadiu Eren para dentro do ônibus – ele
estivera esperando do lado da porta deslizante – o treinador Smith me
direcionou para a recepção. Eu não disse nada, parcialmente porque não tinha
porque argumentar com ele, mas principalmente porque eu sabia que isso
aconteceria. Eu nem estava chateado do Eren estar no ônibus enquanto eu estava
entrando em uma sala pequena que cheirava a desodorizador de hortelã e pinho.
Erwin gesticulou para que eu sentasse em um sofá de couro vermelho
que parecia deslocado aqui. “Tem alguma coisa a dizer em sua defesa?” ele
perguntou.
“Na verdade não”, eu admiti.
“Eu não ficaria tão chateado com isso, se o Dr. Jaeger não
tivesse especificado que o Eren não podia andar por longos períodos de tempo.
Eu não pensei que ele faria algo assim, caso contrário eu teria lhe informado
sobre as limitações físicas dele. Me diga, ele teve alguma dificuldade de
respirar enquanto vocês estavam se divertindo?”
Alguma coisa no fundo do meu estômago se contorceu. “Ele disse
que poderia andar com seu cilindro de oxigênio”. Eu apoiei meus braços em meus
joelhos pensando nas últimas horas. Eu não conseguia lembrar dele ter
dificuldade de respirar, mas de novo, ele teria mantido o desconforto para si
mesmo. “Merda, eu não sei”.
Erwin veio se sentar perto de mim. Ele colocou a mão sobre meu
ombro. “Não se castigue com isso. Grisha disse que Eren é teimoso e obstinado,
mas eu acho que tinha que ver para acreditar. Eu tenho certeza que ele ficará
bem, entretanto, então não se preocupe muito. Isso só não pode acontecer de
novo. Estamos claros?”
“Sim”. Eu não queria perguntar, mas perguntei de qualquer jeito.
“O quão ruim são os pulmões dele?”
Por um longo tempo, o treinador apenas me olhou. Então, soltando
um suspiro ele disse, “Bem ruins, Levi”.
Não deveria ter doído tanto ouvir aquilo, mas doeu. Doeu como o
inferno, porque, como pode alguém tão incrível, tão desmerecedor, ter que
aguentar essa dor? Eu sabia que deveria ter uma causa para os pulmões dele não
trabalharem como deveriam, mas eu não conseguia me fazer perguntar. Eu não
queria ouvir o motivo. Ouvir o tornaria real e eu não estava pronto para aquilo
ainda.
“Eu sinto muito”, treinador disse, e ele parecia sentir. “Eren é
jovem e ainda tão cheio de vida. Sempre é difícil testemunhar alguém da idade
dele sofrendo com doenças como a que ele tem, mas você tem que entender que só
porque ele tem que viver com essa doença, não significa que ele não possa ser
feliz. Não significa que você não possa ser feliz com ele”. Eu olhei para ele
então, e ele sorriu. “Eu vi vocês dois no ônibus. Eu nunca tinha visto você
daquele jeito antes, Levi. Ele faz bem para você, e você faz bem para ele. Não
deixe esse pedaço de informação ficar no seu caminho com ele”.
Sem nenhum aviso, eu quis chorar. O impulso era tão intenso que
era quase difícil de ignorar. “Eu não vou deixar isso atrapalhar”, eu disse a
ele através de dentes cerrados.
“Eu sei”. Ele deu tapinhas no meu ombro, dando um leve aperto
antes de ficar de pé. “Vamos voltar. Eu acho que disse o suficiente para uma
noite, e eu tenho certeza que Sasha e Connie devem estar comendo os assentos
agora. Confie em mim, eles são monstros vorazes sem comida em suas barrigas”.
Seguindo-o para fora da recepção, toda a felicidade que eu tinha
sentido minutos atrás parecia derramar de mim, como se alguém tivesse aberto um
tampão. Eu ficava pensando em Eren e como ele estava sempre sorrindo não
importava o quê. Ele não merecia ter essa viagem arruinada para ele apenas
porque eu não conseguia me recompor, então eu forcei esses pensamentos para
longe e foquei no quanto ele me fazia feliz. Como ele tinha me dado o meu
primeiro beijo, que não foi desajeitado e descuidado como eu imaginei que
seria.
Quando alcançamos o ônibus eu estava um pouco melhor, apesar de
meu coração ainda doer daquele jeito estranho onde você sabe que é tudo da sua
cabeça, mas você ainda não consegue fazer nada a respeito.
“Lhe tomou doze anos”, Jean falou alto enquanto eu passava pelo
corredor. Eu nem reagi a ele, ou ao olhar compreensivo de Petra.
Ela sabia?
“Foi muito ruim?” Eren
perguntou quando fiz meu caminho até ele. Ele deu batidinhas no espaço vazio ao
lado dele.
Eu engoli, determinado a pôr um fim nisso. Eu não arruinaria
essa noite. “Não tão ruim quanto pensei, mas você sabe como ele pode ser”. Eu
movi minha mão como se fosse Pac-Man ganhando vida. “Ele fala sem parar”.
Ele sorriu, levantando as pernas enquanto girava em seu assento.
Ele as soltou em meu colo e eu pressionei meus dedos na aspereza de seus jeans.
Ele estava aqui. Ele era real, e não importava o que ele tinha, porque eu ainda
queria estar com ele. “Eu me livrei disso”, ele disse piscando para mim.
“Verdade”. Eu
agarrei seus tornozelos, puxando-o para mais perto. “Eu acho que deveria
puni-lo por isso”.
Nile deu a partida no motor e, como antes, todo mundo começou a
falar ao mesmo tempo, afogando o som que minha mão fez enquanto percorria a
perna de Eren acima, a leve arfada que deixou sua boca em resposta, o som
revelador de meus dedos agarrando a frente da minha jaqueta de couro que ele
vestia. Ninguém podia me ouvir puxando-o para perto, ou a forma que nossos
lábios se encontraram com um fôlego necessitado. Nós estávamos em nosso próprio
mundinho que consistia apenas de nós dois.
“Como você vai me punir?” Eren sussurrou contra meus lábios.
“Você vai ter que esperar para ver”.
Em algum momento, Jean se virou em seu assento a nossa frente,
agindo como se nós não estivéssemos praticamente um em cima do outro. “Então”,
ele demorou, soando entediado, “Aonde vocês foram mais cedo?”
Eren sentou-se apressado e alisou sua camisa amarrotada. “Nós
fomos ver um filme em um cinema antigo. Nós compramos alguns toffees para você
e para Petra. Querem eles agora?”
“Você realmente
precisa me perguntar isso? É claro que eu quero”. Ele estendeu a mão
na expectativa, e Eren apanhou a caixa de um canto que estava na frente de seu
carrinho de oxigênio. Ele a colocou na mão de Jean. “Tudo perdoado agora”.
Eu rolei meus olhos. “Cala a boca e come os toffees”.
Enquanto Nile virava na estrada principal, Eren disse, “Nós
estamos interrompendo as vidas das pessoas com doses pesadas de DPA*”.
“E-N-D-A-M*”, eu respondi.
Ele riu afetuosamente. “Ei, você quer ouvir um segredo?”
“Se for um segredo sobre você, então sim”.
Se aproximando de mim ele disse, “No meu primeiro dia de aula na
Escola Shiganshina, eu lhe notei de pé ao lado do seu armário com o Jean.
Naquele momento, eu não fazia ideia de quem você era, mas, no seu caminho para
a saída, você passou por mim e você tinha esse olhar afiado nos olhos. Eu não
consigo explicar bem, mas eu pensei, Eu
quero que ele olhe pra mim com aqueles olhos, e eu quero que ele realmente me
enxergue. Eu acho que gostei de você desde aquele momento, mesmo que você
não soubesse que eu existia”.
“Eu sabia que você existia”, eu corrigi. Eu não tinha focado
nenhuma atenção nele, porque eu estava ocupado demais contando os dias até que
eu pudesse ir embora, mas eu sabia que ele existia.
Ele deu de ombros. “Você não se importava que eu existisse, no
entanto. No dia que Petra me convidou para a festa da fogueira eu fiquei tão
nervoso, porque eu sabia que você era o melhor amigo dela, então você iria com
ela. Mesmo assim, eu não pensei que isso levaria a qualquer coisa. Quero dizer,
um monte de garotas gosta de você e você não dá nenhuma atenção para elas,
então eu pensei que estivesse sem sorte”. Ele colocou sua mão sobre a minha,
olhando para ela com admiração. “Agora, aqui estamos”.
“Aqui estamos”, eu
repiti. “Você sabe, uma vez que comecei a prestar atenção em você, eu fiquei
preso. Quando eu estava colocando sua cadeira de rodas na carroceria da
caminhonete de Petra antes de irmos para a praia, eu não conseguia parar de
olhar pra você. Eu juro que você tem os olhos mais bonitos que já vi”.
“É por isso que você ficou me medindo aquele dia? Eu pensei que
você tinha notado como eu estava
olhando pra você”. Ele riu, baixo, só
para mim. “Você sabe aqueles livros que você lê, aqueles onde dois adolescentes
gostam um do outro quase que imediatamente, e você pensa ‘Wow, eles são tão
idiotas. Eles nem se conhecem.’ Eu acho que essas histórias fazem muito mais
sentido agora.”
Eu puxei os cadarços dele, suspendendo seu pé até que este
descansasse sobre minha perna. “Agora que nós somos os idiotas?”
“É. Apesar de eu não me sentir idiota, mas tenho certeza que
parecemos idiotas tontos: sorrindo, gargalhando, beijando e deixando marcas em
nossos pescoços. Sem mencionar que seu cabelo parece absolutamente maluco
agora”. Ele passou seus dedos por meu cabelo algumas vezes e eu tentei ronronar
como um gato, o que fez ele dar risinhos.
“Eu não me importo de ser idiota com você”, eu confessei.
“Bom, porque eu não me importo de ser idiota com você”.
“Ai meu Deus! Eu
me importo!” Jean soltou do nada. Eu deveria saber que
ele estava espiando. O babaca. “Eu acho eu meus ouvidos estão sangrando por
causa de toda essa melosidade. Vocês levam melosidade pra outro nível*. Aw, porra, Petra!”
Ela tinha batido nele na parte de trás da cabeça. “Merda. Você estava tentando
chacoalhar meu cérebro, porque você conseguiu”.
“Eu acho que você precisa ter um cérebro pra ele ser
chacoalhado”, eu disse a ele.
Ele disparou se virando, as mãos agarrando o topo do assento,
mas, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Petra disse, “Acontece de eu
achar que isso é muito fofo. Eu queria ter alguém com quem eu pudesse ser
assim”. Nisso, os olhos de Jean dispararam para ela e eu pude ver que ele
estava tentando esconder sua frustração, mas ele não podia esconder isso de
mim. Eu o conhecia bem demais. Eu também sabia que ele tinha uma queda por ela,
apesar de que ele nunca admitiria, nem para si mesmo.
“Que seja”, Jean resmungou. “Eu tentei te juntar com o Levi, mas
parece que ele não joga nesse time”.
Eu poderia tê-lo entregado com essa, poderia ter dito a ele que
a única razão pela qual ele tentou me empurrar para Petra era para esconder os
próprios sentimentos dele por ela, mas eu sabia que aquilo iria machucá-lo. Ele
não seria capaz de lidar com uma rejeição dela, então eu mantive minha boca
fechada.
“Levi é como meu irmão”, Petra disse. “Mesmo que ele jogasse
nesse time, eu não ‘ficaria com ele’, e eu tenho certeza que ele pensa do mesmo
jeito sobre mim”.
Eu pensava.
O rosto de Jean caiu, porque ele a conhecia há tanto tempo
quanto eu. “Bem, sempre tem Reiner e Berthold. Faça
sua escolha, bebê. Eu vou falar bem de você.”
Eren tocou em meu ombro discretamente, chamando minha atenção.
Quando eu olhei na direção dele, ele mexeu a boca, “O Jean gosta da Petra?”
Eu assenti e então respondi do mesmo jeito, “Mas ele não quer
que ela saiba”.
Então nós dois ficamos lá sentados e assistimos ele olhá-la
enquanto ela olhava pela janela. Ele parecia estar com dor, mas eu sabia que
ele nunca confessaria seus sentimentos, porque ele pensava que ela merecia
alguém melhor que ele. O que ele não podia ver era que ninguém poderia amá-la
como ele amava. Ninguém a conhecia como ele conhecia, nem mesmo eu. Ele tinha
se abrido com ela, revelado cada parte de si e, em retorno, ela fez o mesmo.
“Eu não tenho interesse neles”, Petra disse, finalmente. “Meu
objetivo é me formar em primeiro na classe e, então, sair dessa cidade com você
e com o Levi, lembra?”
Ele deu de ombros.
“E?
Isso não significa que você não possa gostar de alguém por enquanto.”
“Eu nunca disse que não gostava de alguém, Jean. Eu só disse que
não estava interessada em namorar.”
Bem, merda. Ela tinha que falar aquilo, não tinha?
Jean parecia que tinha sido socado no estômago, seus olhos
disparando para passar por todos os caras no ônibus. Ele estava se perguntando
de qual deles ela estava falando. “Tá, okay.”
Silêncio. Ninguém falou para quebrá-lo, porque o que poderíamos
dizer?
Finalmente, depois de minutos que pareceram horas, nós paramos
no estacionamento de um IHOP*. Eren continuava remexendo seu cilindro de
oxigênio, parecendo nervoso. Eu sabia que ele se sentia incomodado com a
situação na qual fomos colocados contra nossa vontade, mas veria que Jean ia
continuar agindo como se nem tivesse acontecido. Ele voltaria a fazer
brincadeiras, rir, e alfinetar Petra em segredo.
Quando o ônibus estava estacionado, Jean foi o primeiro a sair
de seu lugar. Ele tirou uma caixa de cigarros de seu bolso traseiro. Era a
última caixa do pai dele na casa, aquele que nós concordáramos em fumar como um
“vai se foder” final para o velho Kirstein, mas eu não achava que ainda podia
fazer aquilo. Não com Eren bem aqui ao meu lado. Não quando eu sabia que ele
estava lutando para respirar, mesmo agora.
“Eren”, Jean ressoou, “Eu preciso de sua assistência. Me
encontre lá fora, meu amigo. Eu vou esperar por você”. Ele saiu sem mais uma
palavra e Eren me deu um olhar de soslaio, mas foi rápido em seguir atrás dele.
Em retorno, eu segui atrás dos dois, porque eu não fazia ideia do que Jean
estava inventando. Com o humor que ele estava, ele era capaz de qualquer coisa.
Eu não poderia deixar ele fumar na frente do Eren, ou pior: oferecer um cigarro
a ele.
O ventou açoitou meu cabelo quando pisei fora do ônibus e eu
imediatamente estiquei um braço para pegar o cilindro de oxigênio de Eren,
ignorando o olhar questionador que ele me direcionou. “Eu pensei que você não
queria gastar seu precioso oxigênio”, eu disse, esperando que ele não pudesse
ouvir a preocupação na minha voz.
“Carona nas costas*?” ele perguntou com um sorriso.
Alívio me inundou, porque eu pensei que ele ficaria desconfiado
sobre minha repentina preocupação. “Carona nas costas”, eu confirmei, me
virando para que ele pudesse subir nas minhas costas.
Nós fomos atrás de Jean, que já estava se dirigindo a uma ponte
que passava por cima de um rio. No tempo que o alcançamos, ele estava ocupado
alinhando os cigarros restantes sobre o parapeito. Restavam cinco de doze. “Em
honra ao fato de eu dar a mínima para os seus pulmões super de merda, Eren, nós
vamos jogar esses palitos de câncer no lago”, ele nos disse, os olhos castanhos
observando nossas reações. “Existem regras para isso, porque estes não são
apenas quaisquer cigarros, entende.
Estes são do meu pai. Ele ama mais eles do que eu, e esse é o último
maço. Na minha casa, em todo caso. Então eu quero que você escolha um
cuidadosamente, qualquer um que chamar você, e eu quero que você grite ‘foda-se
por abandonar o Jean’, enquanto joga isso na água escura abaixo de nós”.
Eren deu uma batidinha no lado da minha perna e eu o baixei
colocando-o de pé. Então ele se aproximou do parapeito, olhando cada cigarro
com olhos estreitos e pegou um que estava mais pelo meio. Ele o segurou acima
da cabeça e gritou, “Foda-se por abandonar o Jean, seu pedaço de merda!” e
atirou no lago. Nós observamos ele ser puxado pela corrente até que
desaparecesse de vista.
“Isso ai!” Jean
rugiu, jogando o punho no ar. “Eu nem sabia que você era capaz de
chingar, então isso foi o melhor. Foi
como escutar uma criança dizer ‘porra’ pela primeira vez. Estou tão orgulhoso.” Ele se virou para mim. “Agora
é sua vez, Levi”.
Geralmente, eu não teria feito algo assim, achando isso estúpido
e sem sentido, mas eu sabia que Jean precisava disso. Então eu peguei um
cigarro e pensei em todas as vezes que eu tive que assistir o Jean chorar por
causa do pai, em todas as vezes que o pai dele apareceu na cidade apenas para
deixar hematomas no rosto dele. Eu pensei nas inúmeras coisas que Jean tinha
feito por atenção apenas para não receber nenhuma da pessoa de quem ele mais
queria. Eu pensei no quanto eu odiava aquele filho da puta por não se importar
com o filho dele, que era bem incrível. “Ele não precisa mais de você”, eu
disse, falando com um homem que não estava lá, que não estivera lá há um bom
tempo, “e um dia você vai perceber o que jogou fora, mas vai ser tarde demais.
Jean já tem uma família, uma que ama ele incondicionalmente e está disposta a
fazer qualquer coisa por ele. Então vai se foder dez vezes por abandonar a
melhor coisa da sua vida.” Eu lancei o cigarro no rio com finalidade,
observando ele ser levado.
“Droga, Levi”, Jean disse, cobrindo seus olhos com o braço. “Só
para registrar, isso não são lágrimas. Meus olhos só estão secos pra caralho,
então é claro que meus canais lacrimais se ativaram por conta própria.”
Eren esticou o braço e pegou minha mão. Ele estava olhando para
mim como se eu fosse algo incrível, mas eu só tinha falado a verdade.
Enquanto Jean estava ocupado fingindo que suas lágrimas eram
algo completamente diferente, Petra tinha feito seu caminho até nós. Ela tinha
ficado de pé ali tempo suficiente para pegar o fim do meu discurso, então não
me surpreendeu quando ela pegou um cigarro para ela. Ela encarou ele por um
longo tempo antes de dizer, voz baixa e cruel, “Eu te adiava tanto por machucar
o Jean. Eu odiava como você o jogava de lado como se ele fosse nada, mas, mais
que qualquer coisa, eu odiava como você não podia enxergar como estava
arruinando ele. Mas isso está no passado agora e ele cresceu com essas
experiências. Todos os dias que ele está na minha vida eu sou grata, porque sem
ele eu teria cedido aos meus próprios demônios. Você não merece ele, então vai
se foder! Vai se foder por toda dor que você já causou nele!” Ela atirou o
cigarro, lágrimas descendo suas bochechas.
Jean nem podia esconder o fato de que ele estava chorando agora.
Ele não parecia mais se importar, porque, com um sorriso vacilante no rosto,
ele puxou todos nós para um abraço. “Vamos nos casar”, ele disse. “Vamos nos
virar a quatro.”
“Ai meu Deus, Jean”, Petra resmungou fungando. “Jeito de
arruinar o momento”.
“Shh”. Ele
acariciou o cabelo dela. “Não está arruinado, bebê, mesmo que eu não acredite que vocês
me fizeram chorar. O inferno deve ter
congelado hoje”.
“Deve ter”, eu
disse. “Agora eu acho que deveríamos entrar no IHOP, porque está,
literalmente, frio pra caralho aqui e as pessoas estão nos olhando como se
estivéssemos prestes a fazer uma orgia”.
Petra suspirou. “Me dar cinco minutos para aproveitar isso teria
matado vocês, certo? Aparentemente, gozar deste momento é impossível pra vocês
dois.”
Eren deu uma risada abafada de repente.
“O que é tão engraçado?” Jean perguntou a ele.
Eren apontou para
nossa direita. “Alguém desenhou um pinto no parapeito. É monstruoso. Eu notei
logo que subimos, mas eu não quis dizer nada”.
Jean bufou. “É claro que você
notaria um pinto, Eren. Aff.”
“Você quer escrever alguma coisa nela? Uma lembrança de
despedida para a ponte que carregou sua dor?”
“Tipo o quê?”
Eren pensou cuidadosamente e então disse, “Tipo, ‘meu pai é um
grande pinto cabeludo’”.
“Você tem uma caneta?” foi a resposta de Jean para aquilo.
“Eu sempre tenho uma caneta.”
Petra e eu ficamos para trás enquanto eles foram até o parapeito.
Com caneta em mãos, Jean de abaixou em um joelho e escreveu em grandes letras
de forma: MEU PAI É UM GRANDE, GROTESCO, HORRÍVEL, PINTO CABELUDO. ELE TAMBÉM
SE ENGASGOU COM UM E MORREU. ELE TEVE O QUE MERECEU. Ele assinou seu nome no
fim, parecendo orgulhoso de seu trabalho. Conhecendo o Jean, ele estava.
“Pronto”, ele
disse se levantando. Ele devolveu a caneta para Eren. “Eu me sinto liberto! Agora vamos
pegar alguma comida, porque minha fome voltou com força total e a qualquer
segundo eu vou capotar de fome.”
Enquanto ele e Petra caminhavam na direção do restaurante, eu
fiquei para trás com Eren, que parecia pensativo. Eu passei meu dedo indicador
descendo sua espinha até que cheguei ao seu cóccix. Então eu coloquei minha mão
por debaixo de sua jaqueta e camisa, pressionando minha palma na sua lombar,
sentindo o calor da pele dele na minha. Ele fechou os olhos, os cantos de sua
boca levantando em um sorriso de tirar o fôlego.
“Estou muito feliz que meu pai decidiu se mudar para Shiganshina”,
ele disse. “De todas as cidades pequenas que ele poderia ter escolhido, ele
escolheu a perfeita. Eu nem consigo me imaginar estando em outro lugar que não
aqui. É como se eu tivesse pisado em um sonho recorrente, tudo é novo, mas
familiar. Eu queria poder tirar uma foto desse sentimento ou desenhá-lo num
papel, mas é impossível capturar emoções exatamente como você as sente. Mas eu
quero pintar Shiganshina.”
Eu passei meus braços pela cintura dele, descansando meu queixo
em seu ombro. “Como você vai pintá-la?”
“Exatamente como
ela é”, ele sussurrou. “É toda em cores neutras: chuva de novembro, pérola do mar, marrom
de noz-moscada, cristal de roxa”. Ele se virou em meus braços. “Mas então você
tem as cores mais vívidas aprisionadas, belas e vibrantes, escondidas do olho
nu. Uma vez que você as encontra, no entanto, elas são tudo o que você pode
ver.”
“Humm”, eu murmurei, me inclinando para pressionar meus lábios
na marca que eu havia lhe dado mais cedo. “Qual é a cor do meu cabelo, gênio da
pintura?”
Ele expirou, “Preto Alcaçuz”.
“E meus olhos?”
Ele engoliu e eu passei meus lábios sobre seu pomo de adão. “Cinza
cascalho misturado com um pouco de azul”.
“E a cor dos seus olhos?”
Eu beijei uma linha até sua clavícula.
“Verde oceano”.
“Combina com você e essa também é minha cor preferida em toda a
cidade de Shiganshina.”
Eren não disse nada por um longo tempo. Nós apenas ficamos ali
nos braços um do outro, escutando a corrente de água abaixo de nós. Depois de
um tempo, eu escutei sua respiração irregular, memorizando o padrão desigual de
suas exalações.”
“ ’Aqui é para onde eu sempre estive vindo’ ”, ele sussurrou, voz tão baixa que mal
estava ali. “ ’Desde que o tempo começou. E quando eu me for daqui, ele será o meio
ponto, para o qual tudo corre, antes, e do qual tudo vai correr. Mas agora, meu amor, nós estamos aqui, nós
estamos agora, e aqueles outros
tempos estão correndo para outro lugar’ ”.
Ele agarrou minha mão e a pressionou contra seu peito. “ ‘Nós
podemos ficar quietos juntos, e fingir – já que é apenas o começo – que nós
temos todo o tempo do mundo’ “.
Eu levantei meus olhos para ele, e lágrimas se agarravam aos
seus cílios. “Eren–“
“ ‘Mas
todo dia nós teremos menos tempo. E então
nenhum’ “. Ele
abriu os olhos, nada além de tristeza neles. “Me prometa que nós vamos fingir
que temos todo o tempo do mundo, Levi”.
Nós não podíamos fugir do tempo. Eventualmente, ele nos
alcançaria, mas eu ia me esconder dele o máximo que eu pudesse com esse garoto
bonito diante de mim.
“Quão ruins são seus pulmões?” Eu tinha perguntado.
Por
que eu tinha perguntado?
“Bem ruins, Levi”, o treinador tinha respondido.
Bem
ruins.
Bem
ruins.
Ruins o suficiente para roubar o tempo dele?
“Eu prometo”, eu sussurrei. “Nós vamos fingir que nosso tempo é
eterno”.
__________________________________________________________
Notas da Autora:
Shhhhhh. Está tudo bem.
Eu tinha que me dirigir à doença do Eren em algum ponto, mesmo
que eu mal tenha tocado no assunto.
Lembre-se, vão ter tempos tristes, mas confie em mim. *hipnotiza
você para confiar em mim* Também, me
desculpe se você não gosta da ideia do Jean gostando da Petra, mas eu achei que
era super fofo. Se você pudesse ver isso do jeito que eu vejo, você entenderia.
Como sempre, obrigada por ler e apertar os botões de kudo! Se
você deixa comentários, mesmo sabendo que eu talvez não responda (porque as
vezes eu esqueço), então eu amo você. Comentários me dão força. Vocês leitores fiéis
me dão força. ❤
A citação no fim (dita pelo Eren) é do livro Possession de A. S. Byatt.
*Notas de Tradução:
DPA – Demonstração Patética de Afeto.
E-N-D-A-M: Como alguns podem ter adivinhado, significa
Eu-não-dou-a-mínima.
“Vocês levam melosidade pra outro nível”: Esse
pedaço eu tive que mudar bastante, porque se traduzisse ao pé da letra ficaria
sem sentido. Jean usa a palavra “sappiness”, que é usada para definir algo
muito sentimental. Depois ele diz “you guys ran over the sap tree”, que é algo
como “Vocês atropelam a árvore de seiva”. Entenderam o joguinho de palavras?
Sap – sappiness. Pois é. Por isso eu mudei. hehehe
IHOP: é uma linha de
restaurantes dos EUA que vende, principalmente, as famosas panquecas américas.
Parece que eu já quero um IHOP aqui. *¬*
Sem criatividade para uma imagem pro final do capítulo. XD Alguma sugestão?
Ai que capitulo fofo, derramando arco-iris aqui, eles podem ter tempos difíceis porque esses todos nós temos, mas espero que o Erin não morra porque eu estou cansada de ver final triste para casais homossexuais
ResponderExcluirMe deu um aperto no s2, tbm espero q ele n morra
Excluir😌
ResponderExcluirAIAIIII.... Faço o que se já tô chorando e amando horrores desde já......
ResponderExcluirAi gente, que capítulo foi esse? hein? Não consegui segurar as lágrimas com a cena da ponte e esse final, amando essa história!!
ResponderExcluirParabens Lena e obrigado por nos proporcionar essa alegria!! ^_^
Triste.mais amei
ResponderExcluirFoi tão fofo e tão triste;
ResponderExcluirQue dor no coração
O amor 💘 não tem gênero. O amor 💘 tudo cura . O amor 💘 produz milagre.
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