Capítulo 2: Meu Inferno Pessoal é Sua
Terra Prometida
Resumo:
Liberdade é nossa contanto que escapemos
Notas da autora:
Posso
dizer que eu odeio como você tem que capitalizar os títulos. Tipo, quem
inventou isso? Pare.
De qualquer jeito, eu realmente quero me divertir com essa fic, então me desculpem se meu senso de humor não é do seu agrado. Eu me diverti tanto escrevendo isso, e é isso que eu quero. Quero dizer, essa é uma fanfiction para um casal que eu absolutamente adoro, então eu só quero que seja relaxada e descontraída. E, bem, divertida e fofa. :)
De qualquer jeito, eu realmente quero me divertir com essa fic, então me desculpem se meu senso de humor não é do seu agrado. Eu me diverti tanto escrevendo isso, e é isso que eu quero. Quero dizer, essa é uma fanfiction para um casal que eu absolutamente adoro, então eu só quero que seja relaxada e descontraída. E, bem, divertida e fofa. :)
P.S. Eu realmente não consigo
acreditar que demoraram duas fics para eu finalmente incluir meu querido Jean.
Na verdade, ele era um dos primeiros personagens que eu adorei (além do Eren,
por que fiquei tietando extremamente o Eren desde o primeiro episódio e
primeiro capítulo do mangá).
_______________________________________________
Depois de uma hora na praia,
começou a chuviscar. Eu estava sentado em frente ao fogo perto de Jean, quando
a primeira gota caiu em minha bochecha. Eu inclinei minha cabeça para trás,
olhando para o céu por cinco segundos antes de levantar. Eu morava em
Shiganshina tempo suficiente para saber que iria chover em questão de minutos.
De jeito nenhum eu ia ficar ali para me molhar.
Todos a minha volta se
levantaram também – todos exceto Eren, que parecia um pouco alegre demais
sentado em sua cadeira de rodas com meu casaco engolindo seu tronco. Quando ele
viu que mais da metade do grupo já estava subindo o caminho para o
estacionamento, ele baixou o rosto, as sobrancelhas se unindo em confusão. Ele
não fazia ideia que não ‘só chuviscava’ nessa cidade. Nós literalmente vivíamos
pelo ditado “Quando chove, chove a cântaros”.
Petra ficou de pé, batendo a
areia de seus jeans antes de andar para trás da cadeira de rodas. “Hora de ir,”
ela lhe disse, segurando nos punhos.
“Mas por que? Nós nem estamos
aqui há muito tempo.” Ele virou a cabeça para olhar o oceano com saudade. O que
ele via naquele vasto corpo de água salgada que o fazia olhar para aquilo
daquele jeito?
“Vai começar a chover forte,”
ela disse.
Como se aproveitando a deixa,
a chuva caiu e eu fui deixado ali para senti-la molhar minha fina camiseta. Eu
podia dizer pela expressão de Eren que ele seria teimoso sobre subir o caminho
sozinho, então eu tomei o assunto em minhas próprias mãos, por que eu não
queria ficar mais molhado do que já estava.
“Coloque seus braços em volta
do meu pescoço", eu disse, me inclinando sobre ele. Quando ele me deu um olhar
confuso, eu acrescentei “Eu não vou ficar aqui esperando que você conduza seu
traseiro colina acima. Petra pode empurrar sua cadeira até a caminhonete. Vai
ser muito mais fácil se você não estiver nela.”
Petra deu a ele um olhar
complacente, mas disse, “É verdade.”
“Certo,” ele resmungou
baixinho, enlaçando os braços em volta de meu pescoço sem fazer contato visual.
Eu passei meu braço por trás de seus joelhos e o levantei contra meu peito.
“Aqui é sempre desse jeito?”
Eu comecei a andar em direção
ao caminho, meus pés afundando na areia empapada com cada passo. Petra vinha
logo atrás. “É. Aqui chove o tempo todo.”
“E se não está chovendo", Petra disse, “está ventando forte.”
Eren suspirou, mergulhando a
cabeça mais fundo no capuz do meu casaco. Ele não disse mais nada enquanto eu
continuei a subir em direção ao estacionamento, que não era nem um pouco
difícil, considerando que ele pesava tão pouco. Isso fez eu me perguntar o quão
doente ele realmente era, mas não tardei nesse pensamento. Não era da minha
conta.
No tempo que cheguei na
caminhonete, nós dois já estávamos ensopados. Eu vi que Jean já fizera-se
confortável lá dentro, nos oferendo um pequeno aceno enquanto eu escancarava a
porta do carona.
Que imbecil.
“Você poderia ter ajudado,”
eu resmunguei, baixando Eren no assento. Ele desenlaçou os braços do meu
pescoço, balbuciou um obrigado, e continuou a tremer como uma folha. Os dentes
dele estavam batendo, mas não foi isso que prendeu minha atenção. Foi o jeito
que ele estava respirando que prendeu. Era como se ele não conseguisse respirar
fundo. “Você precisa de seu cilindro de oxigênio?”
Aqueles olhos verdes
encontraram os meus e ele assentiu.
Eu subi na caminhonete,
empurrando Jean para o lado com mais força que a ação exigia, então
puxei o cilindro de oxigênio de Eren para o meu colo. Tinha um tubo
transparente pendurado no topo que eu segurei e entreguei a ele. Ele
rapidamente o colocou. O tubo se dividia embaixo de seu queixo, passava por
trás de suas orelhas, e então se uniam em suas narinas. Depois daquilo, ele
usou algum tipo de chave para virar um botão no tanque de oxigênio.
Uns dois minutos depois, sua
respiração compensando e eu perguntei, “Melhor?”
Ele sorriu. “Hmm.”
Por alguma razão, alívio se
apoderou de mim. Apesar de o momento ter sido cortado quando Jean apontou para
o tubo transparente e disse, “Que diabos é isso, afinal?”
“Isso?” Eren perguntou,
mexendo o tubo. “Isso é uma cânula nasal.”
Jean inclinou a cabeça para o
lado, parecendo uma galinha idiota. “Uma o quê nasal?”
Eu teria feito alguma
observação inteligente para aquilo, se eu de repente não tivesse escutado Petra
lutando para colocar a cadeira de Eren na carroceria. Com um suspiro, eu
empurrei a porta, odiando que eu teria que me molhar de novo, mas o que
mais eu faria? Se Petra não saisse logo da chuva ela ficaria doente.
Quando eu estava do lado de
fora de novo, andei lentamente para a traseira, dei uma olhada em Petra lutando
para levantar a cadeira de rodas, e só fiz arremessá-la para cima da
carroceria. Ela me lançou um olhar de você-fez-mesmo-isso, mas eu ignorei
completamente. “Agora vamos dar o fora dessa chuva,” eu disse a ela, já
voltando para o lado da porta do carona.
Uma vez que estava dentro, eu
me inclinei para frente no assento para espiar pelo para-brisas. As nuvens
pareciam um lençol grosso e cinza cobrindo o céu. Eu podia dizer só de olhar
para elas que esse aguaceiro se tornaria em uma tempestade completa em breve.
As tempestades aqui eram horríveis. Elas não deveriam ser subestimadas, e
dirigir durante elas era completamente idiota.
“Minha casa é a mais
próxima,” Petra disse enquanto saltava para o banco do motorista. “Vocês podem
ficar lá até essa tempestade passar.”
Jean e eu não fizemos
comentários. Nós estivéramos na casa de Petra milhares de vezes. Eren, por
outro lado, ainda era novo aqui e parecia um cervo pego pelos faróis. Ninguém
além de mim parecia notar. Jean começou a balbuciar sobre como os s’mores do
treinador Smith deram extremos gases no Reiner, enquanto Petra apenas ligou o
motor e queimou pneus enquanto saía do estacionamento.
Por que aquela expressão
preocupada me fazia querer confortá-lo?
Que irritante.
“Isso não vai durar a noite
toda,” eu disse a ele.
Ele abraçou o
cilindro de oxigênio contra o peito como se isso diminuísse sua
preocupação. “Unkay.”
Dirigir nessa chuva era um pé
na bunda, e eu nem era a pessoa fazendo isso. Petra ainda conseguiu nos levar à
casa dela em tempo recorde, apesar de eu estar surpreso por ainda estarmos
vivos. Ela dirigiu como um maníaco sob essas condições.
Quando ela estacionou na
entrada, ela se virou para nós. “Levi, você vai ter que carregar Eren de novo.”
Eren deu um guincho para
isso, mas eu apenas o puxei para o meu colo. Quanto mais cedo estivéssemos
dentro, mais cedo eu poderia dar o fora dessas roupas molhadas.
Jean empurrou a porta do
carona e eu esperei até que ele estivesse fora antes de pisar no pavimento.
Eren meio que se encolheu em uma bola nos meus braços, o que fez o topo do
cilindro de oxigênio afundar no meu queixo, mas eu só ignorei isso e
continuei andando até a porta de entrada. Agradecidamente, ela já estava aberta
quando cheguei lá.
Já que eu sabia que ele não
podia andar, eu o levei à sala de estar e o sentei em frente à lareira. Então
eu me estiquei e agarrei as costas da minha camisa para puxá-la por cima da
minha cabeça. Quando ela não estava mais em mim, me senti instantaneamente
melhor. Eu odiava o jeito que roupa molhada gruda na minha pele.
Enquanto eu chutava meus
sapatos, eu vi que Eren estava me olhando de olhos arregalados.
“Que?” Eu perguntei. Ele
baixou o olhar imediatamente, balançando a cabeça de um lado para o outro.
“Você deveria tirar suas roupas molhadas também. Se não, você pode pegar uma
droga de pneumonia. Eu tenho umas roupas aqui que vou lhe emprestar.” Ele abriu
a boca como se fosse protestar, mas eu o encarei até ele assentir em
concordância.
Deixando ele lá sentado, eu
caminhei para o quarto de Petra, onde Jean já estava meio despido. Eu o ignorei
enquanto ele puxava seus jeans e fui até o armário para tirar algumas das
roupas que eu mantinha aqui. Eu juro que praticamente vivia nas casas do Jean e
da Petra. Era raro quando eu realmente ia para casa.
“Me joga uma camiseta,” Jean
disse. Eu peguei uma blusa preta do Nirvana e joguei para onde parecia ser
na direção dele. “Então, o que você acha daquele garoto?”
“Eu não acho nada dele.”
Ele cruzou os braços sobre o
peito, sorrindo como um retardado. “Mesmo? Então aquela coisa toda de ‘você
parece com o verão’ não foi nada.”
Porra.
Eu sabia que isso voltaria para me
morder a bunda.
Eu encolhi os ombros,
parecendo entediado. “Foi você quem fez ele parecer um filhotinho com aquele
comentário de ‘você nunca verá o sol novamente’”
“Por que você se importa?”
Ele levantou uma sobrancelha, o sorrisinho se transformando em um estúpido
sorriso afetado que levantou os cantos da boca dele.
Eu queria socar ele para
fora.
“Eu não me importo.” Não de
verdade.
“Claro, Levi,” ele disse,
passando a blusa pela cabeça dele antes de passar os braços pelas mangas. “Eu
conheço você desde que usava fraudas. Você pode enganar a si mesmo sobre isso,
mas você não pode me enganar.”
“Enganar você? Poderia calar
logo a porra da boca. Eu não tenho interesse nenhum nele, então pára. Eu só
estou tentando ser legal uma vez na minha vida miserável. Quero dizer, o garoto
tá numa droga de cadeira de rodas. Eu estou dando uma folga a ele.”
O sorriso se alargou. “Tudo
bem, então. Vejo você lá na sala de estar.” Ele saiu sem mais uma palavra.
Eu encarei ele, me perguntando
que porra tinha acabado de acontecer. Eu não estava interessado no Eren. Disso
eu tinha certeza. Jean entendeu tudo errado. Eren era só alguém novo nessa
cidade de merda, alguém fora do comum com olhos insanamente lindos. Isso
não significava que eu estava interessado nele. Em duas semanas, eu nem o veria
de novo.
Irritado, eu tirei meus jeans
e entrei no banheiro de Petra para jogá-los na banheira. Então peguei uma
toalha e me sequei com ela, raivosamente esfregando meu cabelo até que ficasse
em pé como um ninho de pássaro. Meu reflexo no grande espelho do banheiro me
encarava com olhos furiosos.
Eu não estava interessado em
ninguém—especialmente não em alguém que vivesse nessa cidade. Jean era só um
idiota. Ele não sabia de coisa alguma.
Jogando a toalha para o lado,
eu voltei para o quarto de Petra para me vestir com uma blusa cinza e calça
jeans. Eu não tinha muitas roupas aqui, porque eu geralmente ficava na casa do
Jean, mas eu consegui encontrar uma blusa vermelha e calças xadrez de pijamas
que dariam no Eren.
Eu prendi elas embaixo do
braço enquanto saía para o corredor que dava na sala de estar. A cena que me
cumprimentou quando cheguei lá era uma visão de familiaridade. Jean estava
jogado no sofá com uma tigela de sopa. Petra estava jogando toras na lareira,
ajustando-as com um atiçador até que ficassem retas na grelha. A única pessoa
deslocada era Eren, que ainda estava sentado onde eu o deixara.
Ele tinha tirado sua blusa e
cânula, uma toalha enrolada em seus ombros esguios. Ele a segurava perto de seu
peito, parecendo na defensiva. Eu podia ver seu tremor de onde eu estava, então
fiz meu caminho até ele e lhe estendi as roupas que trouxera.
“Elas devem dar,” eu disse.
Ele as pegou de mim.
“Obrigado.” Ele soou tão baixo e educado. Eu nem conseguia me fazer agir
friamente com ele, nem mesmo depois do que Jean dissera.
“Você precisa de ajuda?” Eu
ofereci. Ele não estava exatamente se levantando de um salto para se vestir.
“Hum.” Ele mordeu o lábio
preocupado, puxando a toalha para mais perto como se ele pudesse repelir seu
repentino ataque de timidez com essa ação. “S-Sim. Quero dizer, se você não se
importar.”
Eu revirei meus olhos. “Eu me
ofereci, não foi?”
Eu não esperei por ele para
me dar uma resposta. Eu o levantei colocando-o de pé, nem um pouco
surpreso quando ele balançou para o lado. Eu envolvi os braços dele com minhas
mãos, lhe dando estabilidade. “Você pode sequer andar?”
Ele sorriu tristemente, o olhar
caindo para o chão. “Sim. Eu posso andar normalmente. Só é impossível eu
respirar quando faço isso.” Ele tocou o próprio peito, o sorriso desaparecendo
do seu rosto.
Okay. Ninguém deveria ter
permissão de parecer tão triste. Sério, deveria ser contra a lei.
“Bem,” eu disse, carregando-o
com facilidade, “Eu serei suas pernas por essa noite.”
O sorriso reapareceu e ele
deu uma risadinha. “Obrigado, Levi.”
Eu ignorei o olhar de
Eu-lhe-disse do Jean enquanto saía da sala de estar carregando Eren. Eu não estava
fazendo isso por interesse. Eu estava sendo gentil. Apesar da crença popular,
eu era capaz de ser gentil uma vez ou outra. Droga.
“Dói respirar o tempo todo?”
Eu perguntei, repentinamente curioso.
Eren suspirou, respondendo à
minha pergunta com um aceno de cabeça.
“Mas você parece tão feliz.”
Por que eu não podia calar a boca? Geralmente Jean precisava enfiar algo na
minha bunda (falando no sentido figurado) para arrancar uma frase de mim, e
agora eu bem literalmente não conseguia manter a boca fechada.
“Eu sou feliz,” ele disse com
um sorriso. “Antes de me mudar para Shiganshina, eu sempre ficava trancado em
casa. Meu pai não me deixava sair sozinho para lugar algum, uma vez que
morávamos em uma cidade grande. Ele tinha medo que eu desmaiasse e ninguém
fosse capaz de me levar ao hospital a tempo. Mas essa cidade é tão pequena; ele
não precisa realmente se preocupar comigo aqui. Essa é a primeira vez que posso
ir a uma escola pública. Isso faz eu me sentir, não sei, normal.”
Enquanto essa cidade era meu
inferno, ela era um tipo de terra prometida para o Eren: um lugar que ele
podia percorrer livre sem precisar ser vigiado o tempo todo. Agora eu entendia
porque ele não conseguia parar de sorrir, e porque o oceano o encantava.
“Entendo,” eu disse.
Quando
estava de volta ao quarto de Petra, eu o joguei na cama. Ele aterrissou no
colchão com um oof, mas não pareceu com raiva – exatamente o contrário, na
verdade. Ele riu, aqueles olhos incríveis franzindo nos cantos enquanto ele
sorria amplamente para mim.
Ele
era um garoto bonito, o único nessa cidade que poderia ser chamado assim. Todos
os outros eram modestos em comparação e eu considerei isso consequência de ele
ser um rosto novo, alguém que eu não tinha visto desde que era uma criança. Não
havia mais nada além disso. Eu não tinha que provar isso para ninguém, muito
menos Jean. Eu sabia, e era tudo o que
importava.
Para dar a ele alguma
privacidade enquanto se despia, eu virei de costas para ele. Eu ouvi ele se
desembaralhando de seus jeans, e então um leve sussurro de aprovação enquanto
ele colocava as roupas secas que eu lhe dera. Quando ele me deu permissão para
me virar, eu o encarei por tempo um pouco longo demais.
Ninguém mais jamais vestira
minhas roupas, nem mesmo Jean. Tinha alguma coisa sobre meus itens pessoais que
me faziam mantê-los desse jeito. Eu não gostava de ninguém tocando minhas
coisas, então eu realmente não conseguia entender porque ver Eren em minhas
roupas não me incomodava. Ele parecia aquecido enrolado em minhas roupas,
e eu fiquei com esse sentimento estranho em meu peito, como se eu fosse vestir
aquelas roupas de novo eu ficaria aquecido também.
Deus, eu estava bêbado? O
treinador Smith tinha batizado as cervejas-de-raiz que nos deu, ou o que? Eu
precisava de ar puro, o que era impossível nesse quase constante clima chuvoso
idiota.
“Pronto?” Eu perguntei.
“Sim.” Ele estendeu os braços
para mim e eu mordi forte a parte de dentro de minha bochecha para não sorrir.
Essa não era uma reação que ele arrancaria de mim – nem essa noite, nem nunca.
Depois de levá-lo de volta à
sala de estar, eu coloquei alguma distância entre nós. Eu até saí para a
cozinha, feliz que não faltara energia. Eu precisava de café, ou qualquer tipo
de cafeína, e eu não conseguiria fazer um pouco se não tivesse eletricidade
para a cafeteira funcionar.
Pegando uma caneca do
armário, eu liguei a cafeteira e esperei impacientemente que o café fosse
despejado no bule. Enquanto encarava ele, desejando que aquilo se apressasse
logo, eu pensei em como Eren provavelmente era a única pessoa aqui com um pai
preocupado com seu paradeiro.
Meu tio não estivera por
perto por um bom tempo. Continuava pagando as contas, mas nunca mostrava a cara
perto de mim. O pai do Jean era o bêbado da cidade, mas desde que o velho bar
na rua Queen tinha fechado, ele passava a maior parte do tempo em Trost. Assim
como o Kenny, ele continuava pagando as contas, mas nunca voltava. O mesmo
podia ser dito dos pais de Petra. Eles trabalhavam em Trost, então estavam
sempre lá.
Nós éramos um bando de crianças
tristes criando a nós mesmos com as provisões dadas.
“Ei,” Petra disse enquanto
entrava na cozinha. Ela se suspendeu para a bancada. “Jean me enviou para
apressar você. Ele quer assistir uma porcaria de filme que ele escolheu.”
“Jean pode esperar.”
Ela riu. “Eu sei disso.” Ela
estreitou os olhos, examinando meu rosto. “Você está agindo estranho. Está se
sentindo bem?”
“Estou ótimo.”
“Eu imaginei que você estaria
feliz já que está indo embora em duas semanas.” Ela desviou o olhar e deu um
suspiro.
Jean e Petra ainda eram
júnior. Eles tinham mais um ano pela frente antes que pudessem escapar dessa
cidade. Eu era o único sênior no nosso grupo. Eles me imploraram para ficar,
então poderíamos todos sair dessa merda juntos, mas eu nem podia imaginar ficar
nessa cidade por mais um ano. Eu queria sair.
“Eu terei tudo pronto no
tempo que vocês se juntarem a mim,” eu falei para ela na esperança de apagar a
expressão triste de seu rosto, mas não funcionou. Nunca funcionou. Ela sentia
que eu a estava traindo, e suponho, que de certa forma, eu estava.
Ele pulou do balcão. “Apenas
se apresse. Você sabe como Jean fica quando é deixado esperando.”
“Ele vira um cão furioso,” eu
disse.
Ela riu, desaparecendo no
hall.
Ela tendo ido, eu me deixei
relaxar. Eu amava Petra e Jean. De verdade. Eles eram minha família, as únicas
pessoas com quem me importava, mas essa cidade era tóxica para mim. Toda vez
que eu ia para casa, eu era lembrado que o único parente de sangue que eu tinha
nessa porra de mundo me abandonou voluntariamente para me prover sozinho. Ele
me forçou a crescer ainda muito novo, para ser o adulto que providenciava,
porque quem mais se ofereceria para o lugar?
Ou cuidaria de mim mesmo, ou
ninguém mais faria.
Eu voltaria para Petra e
Jean. Eu voltaria. Eu não os deixaria aqui. Eles sabiam disso.
Enquanto
eu estava ocupado lutando uma guerra mental, Eren entrou andando (andando!) na cozinha. Ele me pegou de
surpresa e meu coração quase saiu pela boca. “Puta merda”, eu arfei. “Porra não
faça isso. Eu pensei que você não podia andar.”
“Eu lhe disse”—ele respirou
pesadamente—“que eu posso andar…muito…bem.”
Idiota. “Você também me disse
que era quase impossível de respirar, seu idiota.” Sem pensar, eu fui até ele e
coloquei minhas mãos na cintura dele para levantá-lo e sentá-lo no canto do
balcão. “Eu vou pegar o seu cilindro de oxigênio.”
Ele assentiu, respirando
irregularmente.
Eu sai da cozinha apressado,
ignorando o olhar questionador de Petra quando alcancei a sala de estar. Porque
eles não o pararam? Ele era in-porra-visível para eles, ou o que? Merda. Eles
deveriam saber que ele não podia simplesmente valsar por aí. O imbecil tinha
pulmões ruins. Eu pensei que fosse conhecimento compartilhado, mas
aparentemente não.
Eu queria gritar ou brigar
com eles, mas só peguei o cilindro de oxigênio de Eren e os deixei me
encarando. Quando estava de volta a cozinha, eu me apressei até ele e passei a
cânula (era assim que se chamava aquela porra?) por trás das orelhas dele. Ele
deu uma inspiração longa e vacilante e eu apenas o encarei e esperei para
confirmar se ele não estava para morrer de falta de oxigênio.
Dois minutos depois (pareceu
um ano), ele disse, “Estou bem.”
Eu estreitei meus olhos para
ele. “Você é deficiente mental? Por que você veio andando?”
Ele encolheu os ombros,
evitando contato visual. “Você parecia chateado.”
“Então você testou o destino
dando um passeio?”
Ele mordeu o lábio inferior e
pareceu a beira das lágrimas. Merda. Eu tinha que deixar minha boca solta. Eu
não pretendia fazê-lo chorar. “Eu sinto falta de andar,” ele sussurrou,
lágrimas brilhando naquelas drogas de olhos perfeitos dele. “Me desculpe ter
incomodado você, Levi. Eu não farei isso de novo.”
“Você
não está me incomodando. Eu só…” estava preocupado com você, eu terminei na minha
cabeça. Deus, esse garoto era uma parte ativa na minha vida por umas dez horas
e eu já estava tão balançado assim por ele. Que inferno? Era por causa da
condição dele? Ou era por causa da inocência dele? Podia ser as duas coisas,
pelo que eu sabia. “Só vem até aqui, para eu poder carregar você para a sala de
estar.”
Ele deu uma última profunda
inspiração antes de se inclinar para a frente e passar os braços em volta no
meu pescoço. Era estranho, carregar alguém. Eu tinha feito um propósito de
ficar longe de qualquer tipo de afeto (não que fosse o que isso era). Eu só não
queria ninguém para ser um peso, me prendendo a essa cidade, mas isso não era o
que Eren estava fazendo. Ele não podia andar. Eu só o estava ajudando. Quero
dizer, o garoto tinha quase apagado por ser um total imbecil.
Mesmo assim. Eu tinha que
admitir que a sensação era boa. Ele era tão quente quanto parecia, e ele
cheirava como a brisa do mar, que cheirava muito melhor nele do que de pé
naquela praia.
De volta à sala de estar, eu
vi que Jean já tinha começado o filme. Isso não me surpreendeu. Ele era um
merda impaciente. O que me surpreendeu foi o jeito que ele e Petra estavam
olhando para mim enquanto sentava o Eren no fim do sofá. Era como se eles
estivessem me vendo pela primeira vez.
“Quê?” Vociferei, fazendo
Eren pular um pouco de susto.
Petra balançou levemente a
cabeça, um pequeno sorriso no rosto. Jean apenas bufou e disse, “Senta porra. O
filme mal começou.”
“Então afasta, cuzão,” eu
exigi, empurrando o ombro dele até que ele se movesse.
O filme que ele escolhera era
algum filme de terror estúpido que fazia Petra gritar palavrões e arremessar
porcarias na tela da TV. Ela estava encolhida contra Jean, que estava curvado
para a frente com os cotovelos apoiados nos joelhos. Ele parecia intrigado com
a cena diante de nós, que era de um cara cortando o rosto de outro cara. Era
desagradável pra caralho, mas eu me recusava a soltar se quer um soluço.
Diferente de mim, Eren não
conseguia segurar seus guinchos agudos ou seus arquejos sempre que o cara com a
motosserra aparecia. Ele tinha se movido para mais perto de mim, os braços
enrolados contra o peito. Sempre que alguém no filme gritava, ele e Petra
gritavam junto com eles. Então nós ouvimos um alto estrondo de trovão bem em
frente, e a casa tremeu, a energia foi cortada.
“GRAÇAS A DEUS!” Petra ganiu.
“Eu nunca mais vou deixar você escolher um filme, Jean. Meu coração tá
acelerado.”
Jean riu alto e demorado.
“Nem era tão ruim assim, bebê.” Pelo que eu podia ver, que não era muito, ele
estava se inclinando sobre ela. Ela o empurrou forte o suficiente para que
desabasse no meu colo. “Caramba, bebê, eu gosto com violência, mas se acalme.”
“Cala a boca,” ela disse
rispidamente. “Eu preciso dormir. Eren?”
Eren se agitou de volta a
vida do meu lado. Ele tinha congelado no minuto que a energia parou. “Sim?”
“Quer dormir aqui?”
“Claro,” ele disse. “Eu não
quero ir lá fora, de qualquer jeito.”
“E quem quer?” foi o
comentário irritado de Jean. Eu o acotovelei.
“Aw, droga,” ele murmurou,
esfregando no ponto. “Você e Petra abusam demais de mim.”
Petra se levantou, uma sombra
mais clara contra a escuridão. “Não resmunga.” Ela esfregou o cabelo dele.
“Venha dormir comigo. Sem energia, vai ficar frio aqui bem rápido. Eu juro que
se você tentar alguma coisa, eu vou espremer seu pinto na hora.”
Ele se levantou para segui-la
até o quarto dela. “Eu não vou tentar nada. Me dá um crédito. Meu tarado
interior está descansando nesse momento.”
Quando eles desapareceram no
corredor, Eren disse, “Vocês são bem próximos, huh?”
“É. Nós crescemos juntos.
Petra e Jean são como meus irmãos.”
“Isso é legal, ser tão
próximo de alguém.” Ele ficou em silêncio, uma bola enrolada pressionada
contra as almofadas do sofá. “Petra não me disse onde dormir.”
“A hospitalidade dela foi à
merda,” eu disse a ele. “Eu acho que não estamos realmente acostumados a ter
alguém novo por perto. Ela provavelmente só espera que você se sinta em casa.”
Eu sabia que era isso que ela esperava. Ela queria que Eren se sentisse
confortável o suficiente para fazer o que quisesse na casa dela, mas ela estava
esquecendo que Eren não tinha crescido nessa cidade com o resto de nós gente de
Shiganshina.
“Mm,” ele cantarolou,
descansando a cabeça em seus braços. “Eu vou só dormir aqui, então.”
“Eu vou pegar um cobertor pra
você, porque Petra não estava mentindo quando disse que iria esfriar bem rápido
aqui.”
“Mkay.” As pálpebras dele se
fecharam. “Obrigado, Levi.”
Eu fui ao quarto de Petra
para ver que ela e Jean já estavam dormindo. Como sempre, ele estava
esparramado como se fosse sua missão de vida tomar toda a cama. Petra estava
acostumada com isso, entretanto, e tinha se encolhido contra ele, tomando seu
calor corporal. Enquanto olhava para eles, eu sabia que eles eram as únicas
pessoas que eu precisaria. Eles significavam tudo para mim. Enquanto tivesse
eles, eu estaria bem.
Eu sabia disso. Eles sabiam
disso. Deixar esse lugar não faria diferença.
Com cobertor na mão, eu
voltei para a sala de estar. Eren estava dormindo também. Seu rosto relaxado,
mechas escuras de cabelo caindo sobre sua testa e olhos. Ele parecia com uma
daquelas fotos que vem nos porta-retratos quando você os compra, belo e
perfeito demais para ser real. Mas ele era real, deitado ali respirando
irregularmente com um punho fechado pressionado contra o peito, mesmo no sono.
Eu coloquei o cobertor sobre
ele, alguma coisa apertando em meu peito quando ele se enterrou sob ele, uma
expressão de felicidade em seu rosto. Eu o admirei por uma fração de
segundo antes de deixá-lo deitado lá sozinho, porque eu não iria me apegar a
ele.
Nem agora. Nem nunca.
Artista: Yomi
Notas da autora:
Levi, Levi, Levi. Não resista
a atração, bebê.
Ele com certeza tentará
resistir, porque ele é teimoso aff. -__-
(Nós todos sabemos que ele está lutando uma batalha perdida)
(Nós todos sabemos que ele está lutando uma batalha perdida)
A
todos, obrigada pelos comentários e kudos. Vocês são minha fonte de inspiração. <3
O Jean é muito divertido
ResponderExcluirOlha ele sgindo todo fofo e negando seus sentimentos... Sei onde isso vai dar <3
ResponderExcluirP'Phil
Ele nao vai resistir 😏
ResponderExcluirTô adorando, mas com medo de acabar chorando no fim desta fic....
ResponderExcluirLevi é muito grosseiro, por deus kkkk
ResponderExcluirQuem não criaria um sentimento, uma afeição a essa doçura do Eren? Só aqueles com o coração negro!
Obrigado pelo trabalho♥♥
Essa história é muito fofinha, mas estou morrendo de medo do final.
ResponderExcluirAi que lindo . Amando arco-iris rsss
ResponderExcluir#Flavio está assistindo? Rsss você vai amar esta estória. 💋
ResponderExcluir