Oi gente!!!
Aproveitem mais esse capítulo. ^^/
Capítulo 6: Você pode ser minha escolha não intencional
Resumo:
Tudo sobre você ressoa felicidade
Agora eu não vou me satisfazer com menos
Agora eu não vou me satisfazer com menos
Notas da autora:
São 5:56 da manhã e eu não dormi. Eu nem estou cansada. Eu culpo
as duas xícaras de café que virei. xD
De qualquer forma, eu estou tão pronta para o próximo capítulo. Esse capítulo é meio que sem acontecimentos, mas cheio de acontecimentos ao mesmo tempo. Eu sei que não faz sentido, mas assim que vocês lerem vão entender.
Também, permitam-me um momento para agradecer a todos aqueles que tiram um tempo para me deixar um comentário. Eu amo ler eles e eu sei que nem sempre respondo para todo mundo, então apenas saibam que vocês são apreciados. Eu vejo seus comentários, eles significam muito, então obrigada. :)
De qualquer forma, eu estou tão pronta para o próximo capítulo. Esse capítulo é meio que sem acontecimentos, mas cheio de acontecimentos ao mesmo tempo. Eu sei que não faz sentido, mas assim que vocês lerem vão entender.
Também, permitam-me um momento para agradecer a todos aqueles que tiram um tempo para me deixar um comentário. Eu amo ler eles e eu sei que nem sempre respondo para todo mundo, então apenas saibam que vocês são apreciados. Eu vejo seus comentários, eles significam muito, então obrigada. :)
Eu estava acordado bem antes do horário que o despertador estava estabelecido para disparar as cinco da manhã. Nesse tempo, eu já tinha bebido duas xícaras fumegantes de café, tomado banho e me vestido em jeans, minha camisa branca Mate Sua Televisão e calçado botas de combate. Pra quem havia dormido apenas três horas, eu estava me sentindo muito bem e empolgado. Eu sabia que esse sentimento não tinha nada a ver com a quantidade de cafeína que eu tinha consumido, mas tinha tudo a ver com o fato de que eu veria Eren em breve. Só de pensar no sorriso dele fazia que eu sorrisse e isso era uma raridade por si só. Isso deveria ser considerado um feriado nacional, porque só acontecia uma vez a cada ano (se acontecesse). No entanto, nesses dias, isso parecia estar acontecendo o tempo todo.
Veja
isso: Levi está sorrindo!
Sim, eu estava sorrindo, porque eu
estava feliz de um jeito que se tornava difícil não sorrir. Era assim que se sentia estar gostando de alguém: como
se tudo fosse bonito e certo no mundo, então por que não sorrir para isso? Por
que não compartilhar sua felicidade não diluída com todos com quem você tiver
contato? E eu aqui pensando que não era tolo para ninguém, mas aparentemente eu
era bem tolo para Eren. Mesmo com esse conhecimento em mãos, a sensação ainda
era boa, talvez um pouco assustadora também.
Quando o alarme disparou às cinco,
eu me sentei ao pé da cama de Jean, esperando ele acordar com o som
desagradável. Ele demorou um tempo para despertar de seu sono profundo, o toque
do alarme soando cada vez mais alto e mais irritante com o passar do tempo.
Brevemente, no entanto, Jean gemeu como se fosse Frankenstein ganhando vida. Então
a mão dele disparou de debaixo do grosso cobertor bege para balançar da
esquerda para a direita até aterrissar no objeto ofensivo que o tinha acordado.
Enquanto o silêncio preenchia o
quarto mais uma vez, a cabeça dele deslizou de debaixo do cobertor como a
cabeça de tartaruga deslizaria para fora de seu casco. Ele piscou várias vezes,
me viu sentado ali e resmungou em um tom sério, “Satã despertou”. Eu bati na
panturrilha dele. “E ele é pequeno e malvado”.
“Acorda logo”, eu disse dando outro
tapa na panturrilha dele, dessa vez um pouco forte demais. Ele enfiou a perna
embaixo do seu corpo depois disso, protegendo-a de meus ataques repentinos.
“Nós temos que estar na casa de Petra em uma hora”. Não podemos nos atrasar,
porque depois temos que pegar o Eren e então ir pra escola”.
“O treinador Smith não vai sair sem
você, então mais uns doze anos e eu estarei bom pra ir”.
“Eu fiz panquecas”. Eu o provoquei
com a única coisa que ele não podia resistir, mesmo nessa hora terrível:
comida. Jean era uma prostituta de comida.
Ele sentou de um pulo como se eu
tivesse administrado um choque elétrico. “Eu disse doze anos? Eu quis dizer
doze segundos, bebê. Estou aqui. Estou pronto.”
“Só cala a boca e vai comer. Depois
vai pro chuveiro. Você fede como bunda.”
Ele levantou a camiseta cinza
desbotada até seu nariz e inspirou. “Eu cheiro como o paraíso!”
“Se o paraíso cheirasse a bunda.”
Depois que ele saiu pesadamente da
cama, o que tomou mais tempo do que deveria, eu fui até a sala de estar para
checar novamente se eu tinha empacotado tudo que precisaria para um fim de
semana em Trost. Quando eu vi que não faltava nada essencial, passei a alça da
mochila por sobre meu ombro e saí para jogá-la na caminhonete de Petra.
No
segundo que saí fora da casa, o vento frio me pressionou, me fazendo desejar
que tivesse uma jaqueta com um aquecedor dentro. Olhando para cima, eu vi que o
sol estava escondido atrás de uma grossa camada de nuvens que pareciam engolir
o céu, mas, pela primeira vez, isso não me incomodou. Nem a escuridão que me
rodeava, ou o vendo seco e gélido que feria minhas bochechas.
A
caminhonete de Petra estava estacionada na rua, uma massa laranja no escuro.
Era uma caminhonete pick-up Chevrolet 1964. O tio dela, que era praticamente o
único parente que ela tinha que dava a mínima para ela, a tinha restaurado. Ele
a tinha dado de presente para ela em seu décimo quinto aniversário e o pai dela
tinha ficado regiamente puto com isso, porque ele vinha querendo aquela
caminhonete há anos. O babaca não merecia e eu nunca esqueceria a cara que ele
fez quando seu irmão entregou as chaves para a única filha dele.
Puxando
a porta do lado do passageiro, eu joguei a mochila lá dentro, vendo-a pular no
banco cor de creme. Eu ainda não queria voltar para dentro da casa, então eu me
recostei contra a caminhonete, enfiando minhas mãos nos bolsos da minha jaqueta
preta de couro. Eu tinha um moletom por baixo dela, porque estava frio demais
do lado de fora para não ter. as vezes eu me perguntava se Shiganshina alguma
vez teria um clima quente.
Só
precisou de alguns minutos ficando fora no frio para me convencer que ficar do lado
de dentro com o Jean era uma opção melhor do que congelar meu traseiro. Apesar
de que, quando eu voltei para dentro e ouvi sua mastigação monstruosa do quarto
da frente, eu considerei arriscar a hipotermia.
“Você
está quase pronto já?” Eu perguntei enquanto andava pelo corredor que levava à
área da cozinha.
“Faz
cinco segundos, Levi”, Jean respondeu em um tom sarcástico. “Se acalma. Você
poderá ver seu namorado logo, então para logo de me apressar”.
Eu
entrei na cozinha com um olhar de não-começa-essa-porcaria-comigo. Ele nem viu,
ocupado demais enfiando um pedaço enorme de panqueca na boca. Eu juro que ele
mastigava como se quisesse que aliens no espaço escutassem ele. Ele sabia que
isso me irritava pra caralho, mas eu
sabia que ele não se importava.
Pegando
um assento oposto a ele na mesa de jantar, eu o vi empurrar o cabelo para traz
com o tenar de sua palma. Tinha crescido um bom bocado nos últimos meses e o
idiota se recusava a cortar. O pai dele odiava ele comprido, sempre lhe jogaria
merda por isso, então era exatamente por isso que Jean estava deixando crescer.
Ele gostava de desafiar um pai que nem estava por perto para ver seu desafio.
“Você
mastiga como um cachorro”, eu informei.
Os
olhos dele se levantaram para o meu rosto. “Eu deveria ficar ofendido com
isso?”
Eu
me inclinei por sobre a mesa para pegar a caneca de café do lado do prato dele.
Eu bebi vários goles antes de colocar de volta. “Só cala a boca e se apressa.”
“Impaciente
para ver o Eren?”
“Possivelmente”,
eu disse, meus olhos desviando para a direita, porque eu não pude olhar para
ele quando disse isso.
“’Possivelmente’,
minha bunda. Você está. Só olhe sua cara.” Eu pude ouvir o riso em sua voz.
Aquele desgraçado. “Então, você vai pedir ele em namoro logo ou o quê?”
Eu
me encolhi, me recostando de volta em meu assento. “Não tenho certeza. Nós não
nos conhecemos realmente ainda. Eu imaginei que deveria esperar um pouco”.
“Não,
você não deveria ‘esperar um pouco’”, Jean disse lentamente, como se estivesse
falando com uma criança que não pudesse entender uma palavra que ele dizia. “Eu
acho que você deveria pedi-lo em namoro em breve”. Ele apontou o garfo que
estava segurando para mim como se o simples gesto pudesse me fazer ver as
coisas do jeito dele. “Você gosta dele. Ele gosta de você. Qual é, Levi, é
simples”.
Eu
pensei nisso, deixando escapar um terrível, longo suspiro. “Eu não saberia como
mencionar isso em uma conversa. Como você pede alguém em namoro afinal? Parece
tudo muito complexo”. Estava mais para impossível.
“Ah
meu Deus. Se as pessoas realmente soubessem que o Levi Ackerman ‘legal,
sempre-tão-confiante’ fosse, na verdade, horrível no básico de romance eles
iriam rir. Eu sei e eu estou rindo”.
“Cala
a porra da boca, imbecil”. Eu peguei um guardanapo que ele tinha embolado e
joguei na cara dele com força suficiente para matar alguém, mas ela apenas
ricocheteou no nariz dele e caiu nas panquecas dele cobertas de calda.
“Agora
olha o que você fez”, ele disse, dando um peteleco no guardanapo para longe de
sua comida.
“Eu
vou lhe dar cinco minutos para comer essas ou eu vou jogá-las fora”.
Ele
riu. “Alguém está ofendido. Eu feri seus sentimentos porque eu apontei que você
é desajeitado romantizando um garoto com belos olhos grandes?” Ele bateu os
cílios, segurando as mãos de encontro ao peito.
É isso.
Eu
peguei o prato dele em um movimento rápido. “Eu vou cuspir nelas”.
“Você
não se atreveria”.
“Me
desafie”.
Ele
levantou as mãos como se sob a mira de uma arma. “Certo! Eu me rendo. Agora
devolva minhas panquecas ou eu vou atacar”.
Eu deslizei
o prato de volta para ele e então apontei para ele com meu dedo indicador.
“Essa é a última vez que faço qualquer coisa legal pra você”.
Não
era. Nós dois sabíamos.
(x)
Meia
hora depois, depois de apanharmos Petra, nós estacionamos em frente a casa do
Eren. Meu coração imediatamente bateu mais rápido em meu peito, como se
soubesse onde estávamos e quem estávamos prestes a ver. Eu não nem conseguia
negar esses sentimentos mais. Eu estava além disso. Agora, nesse mesmo
instante, eu estava no ponto de partida de algo novo. Eu não sabia como as
coisas iriam acontecer, ninguém sabia, e eu certamente não sabia se Eren e eu
iríamos durar. Tudo o que eu sabia é que eu gostava muito dele e que ele fazia
eu me sentir outra pessoa, alguém que não odiava essa cidade. Eu sabia que,
daqui em diante, eu passaria cada momento livre que eu tivesse tentando
conhece-lo, porque eu queria saber tudo sobre Eren Jaeger.
Com
um grunido, o sempre tão impaciente Jean saiu da caminhonete. Ele estava na
metade do caminho no tempo que Petra e eu pisamos na calçada. Então, enquanto
eu estava de pé ali tentando juntar alguma coragem, Eren já tinha aberto a
porta da frente. Ele deu um passo (um passo?!) para a varanda, cânula no lugar.
Então ele lançou uma bolsa no Jean sem aviso prévio.
“Uf”,
Jean expirou, a bolsa batendo no peito dele. “Que droga, Eren”.
“Desculpa”,
Eren disse. “Só estou empolgado! Vamos! Não posso esperar mais!”
“E
a sua cadeira de rodas? E por que você está gritando?”
“Cadeira
de rodas?” Eren sorriu, dando um puxãozinho em sua cânula. “Sem necessidade
disso. Meu pai me deixou levar isso. Eu posso andar com isso, e eu estou
gritando porque estou empolgado. Pensei que já tivesse lhe dito isso?” Ele
soava feliz, parecia feliz, e eu
fiquei com esse desejo ardente de beijá-lo, de provar a felicidade dele nos
meus lábios.
“Por
que você não faz isso o tempo todo?” Jean perguntou, fechando a porta da frente
para ele, porque ele a tinha deixado escancarada.
“Porque
cilindros de oxigênio são caros, bobinho. Por que ainda estamos falando disso?
Vamos!” Eren desceu a entrada da garagem, puxando seu cilindro de oxigênio
atrás dele em um carrinho de aço que eu tinha pegado na casa dele no dia que
fomos na praia para a estúpida festa na praia do treinador Smith.
Aquilo
parecia ter sido meses atrás. Fazia mesmo só uma semana desde então?
Meus
pensamentos foram interrompidos quando Eren parou bem na minha frente. Eu fixei
meus olhos nele, abri minha boca para dizer alguma coisa, engoli para descobrir
que minha garganta estava completamente seca, e cheguei à conclusão de que eu
não podia dizer qualquer coisa. Eu tentei de novo (qual é), mas tive toda e qualquer palavra arrancada de minha mente,
porque ele se inclinou para frente e pressionou seus lábios na minha bochecha –
muito, muito perto da minha boca.
Lá
se foi minha alma.
“Eu–você...
Merda”, eu me atrapalhei, porque eu não podia falar nem pra salvar minha vida.
Eren
mordeu o lábio e deu uma risadinha, me matando lentamente. “Vamos”. Ele pegou
minha mão, me conduzindo de volta para a caminhonete. Ele abriu a porta do
passageiro e esperou que eu entrasse antes de subir para o meu colo. Ele não
perdeu tempo algum em se recostar, então eu não perdi tempo algum em colocar
meus braços em volta da cintura dele. O calor do corpo dele se infiltrou para o
meu, afogando qualquer sentimento lógico restante no meu cérebro.
Retirando
a cânula de seu nariz, ele fechou seu tanque de oxigênio e soltou um pequeno
suspiro de alívio. Apesar de poder andar com a ajuda disso, eu sabia que ele
não gostava de rebocar isso por aí. Quem gostaria?
Depois
que Jean fez um show ao jogar a bolsa de Eren na traseira, completo com
encarada intensa que não afetou ninguém, ele deslizou para o assento perto de
mim e Petra seguiu. Ninguém disse nada enquanto começamos o percurso para a
Escola Shiganshina. Era como se nenhum de nós acreditássemos que estávamos indo
para Trost sem nossos pais a tiracolo. Então de novo, os pais de Petra e Jean já
estavam em Trost, mas aquilo não contava realmente, porque eles não sabiam que
estaríamos lá também.
“Vamos
fazer alguma coisa ilegal enquanto estivermos lá”, Jean sugeriu.
“Não”,
eu disse, porque parecia uma ideia idiota. “Lhe conhecendo, você nos faria ser
pegos”.
Ele
zombou. “Eu não faria. Eu sou furtivo como diabos”.
“Você
é furtivo como um cavalo drogado”, Petra disse.
Nós
todos olhamos para ela, porque Petra nunca
falou daquele jeito, e então Eren abriu as comportas e começou a gargalhar. Eu
tentei impedir minha própria risada de começar, mas então Jean se virou para
mim – ele parecia desconcertado, uma reação que só Petra conseguia arrancar
dele – e eu não pude mais segurar.
Eu
enterrei meu rosto entre as omoplatas de Eren e gargalhei até não poder gargalhar
mais. Por que isso era tão engraçado? Tinham até lágrimas nos meus olhos.
Merda.
“Não
fique assim”, Petra disse depois de um tempo, dando tapinhas na bochecha de
Jean. “Eu disse isso com amor”.
“Claro”,
ele resmungou, cruzando os braços sob o peito.
“Não
fique amoado. Você pode fazer o que quiser em Trost, apenas nada ilegal. Eu não
quero você se metendo em problemas enquanto estivermos lá”.
Petra
era sempre, e sempre seria, a responsável no nosso grupo. Ela assumiu o papel
de nos manter na linha, o que eu seria o primeiro a admitir que não era algo
fácil de se fazer por um bom tempo. Quando o pai de Jean deixou a cidade, ele
estava determinado a arruinar tudo e qualquer coisa no caminho dele. Petra o
manteve fora da detenção juvenil vezes demais para se contar. E tinha eu: eu
era um desastre ambulante apenas com o objetivo de criar confusão nessa cidade,
porque eu queria que todo mundo se sentisse como me sentia. E demorou um tempo
para que eu me superasse aquilo também.
Era
por isso que Jean e eu a tratávamos com grande respeito, porque ela não merecia
nada menos vindo de nós. Ela tinha suportado muitas das nossas merdas através
dos anos e depois ainda ficou por perto para nos ajudar a juntar os pedaços de
nossas vidas despedaçadas. Sem ela nós teríamos saído de Shiganshina tempos
atrás. Nós devemos a ela por nos ter impedido de arruinar a nós mesmo. Todos os
outros tinham desistido de nós no primeiro sinal de problemas.
“Nós
chegamos”, Petra anunciou em uma voz alegre, me trazendo de volta ao presente e
para fora do passado.
Eren
sentou-se ereto e então girou para me olhar nos olhos. “Me dá uma carona nas
costas”. Ele soou tão sério, como se estivesse falando de algo extremamente
importante e não sobre eu carregá-lo nas costas.
“Qual
o motivo de trazer o cilindro de oxigênio, então?” Jean perguntou, gesticulando
para o cilindro de oxigênio que estava descansado aos nossos pés.
“Eu
não quero gastar oxigênio valioso só para andar até o ônibus”, Eren esclareceu
como se essa fosse a coisa mais óbvia do mundo. “Então, carona”.
“Okay”,
eu disse, captando a dica do que isso era.
Abrindo
a porta do passageiro, eu pisei no asfalto e fui imediatamente atacado. Eren me
agarrou com seus longos membros como se eu fosse um poste. Eu precisei de um
minuto para me estabilizar, porque ele era mais alto que eu: todo longas pernas
(que eram sexy pra caralho, devo acrescentar).
A
uma certa distância de nós estava o único ônibus que a Escola Shiganshina já
teve. Era um cinza horrendo. Um ano, o treinador Smith pensou que seria uma
ideia fantástica repintá-lo, mas, depois que ele o tinha lixado e passado
primer, a esposa dele morreu, assim como seu entusiasmo para finalizar o
trabalho que começara. Então, lá estava ele, feio e cinza – para nunca ser
amarelo de novo.
Enquanto
eu segurava Eren, que era uma bola de empolgação e calor nas minhas costas, eu
o instruí a pegar sua bolsa de mão da carroceria da caminhonete. Eu tive que me
inclinar para o lado para lhe dar apoio para puchá-la para fora, mas, uma vez
que ele a tinha em mãos, ele se endireitou e deu uma pancadinha com o pé no
lado da minha perna como se eu fosse nada mais que um cavalo. Esse era o jeito
dele de me apressar para prosseguir.
“Isso
vai ser divertido”, ele exclamou quando comecei a andar. Ele abaixou sua
cabeça, e eu não podia saber o que ele estava fazendo até que senti os lábios
dele roçarem minha orelha.
Eu
estremeci.
“Não
faz isso. Eu vou derrubar você”. Eu realmente ia. Quando ele fez aquilo, meus
braços e pernas (basicamente todas as partes do meu corpo) enfraqueceram.
“Eu
deixo você nervoso?” ele perguntou, a voz dele baixando para um tom quase
sedutor que fez eu esquecer meu nome.
“Você
me faz esquecer como falar”. Ele me fez esquecer tudo.
Ele
apertou seu abraço em meu pescoço, mas isso não era desconfortável. “Então, eu
realmente deixo você nervoso. Eu nunca deixei ninguém nervoso antes. Você sabe,
uma criança numa cadeira de rodas não é muito intimidante para a maioria.
Principalmente quando a criança tem pulmões ruins.”
“Você
é bem intimidador pra mim”, eu disse a ele, e eu estava feliz por ele não
conseguir ver meu rosto quando disse isso. “Dói olhar pra você a maioria das
vezes, porque você é tão...” Como eu poderia colocar em palavras? Ele era... mais. Ele era extraordinariamente
atraente de um jeito que fazia eu querer perder o controle, porque, apesar do
que eu vinha dizendo continuamente para mim mesmo há dias, ele não era apenas
um rosto bonito. Tinha alguma coisa nele que eu ainda não havia encontrado em
mais ninguém. “Você é diferente”.
Eu
fiquei quieto por um bom tempo e então ele sussurrou no meu ouvido, “Você me
deixa nervoso também”.
No
tempo que eu entrei no ônibus, eu estava convencido de que estava tendo um
ataque. Toda vez que Eren se quer se inclinava sobre mim, o que ele fazia mais
frequentemente do que não fazia, meu estômago se contorcia com um desejo
repentino, furioso que exigia que eu notasse o jeito que ele fazia eu me sentir.
Eu
deixava ele nervoso. Isso era muito bom, certo?
Nós
estávamos no ponto de partida.
Por
que isso tudo era tão empolgante e aterrorizante ao mesmo tempo?
Todos
olharam para nós enquanto eu andava em direção a traseira do ônibus, mas
ninguém disse coisa alguma, nem mesmo o treinador Smith, que estava vestindo
suas roupas de costume: uma camisa cinza escura que tinha TREINADOR impresso em
letras maiúsculas vermelhas sobre o peito e calça de trilha preta com uma linha
branca que descia nas laterais.
Nós
estávamos indo para Trost e ele ainda estava vestido como se estivéssemos
prestes a correr um quilômetro.
Eu baixei
Eren de pé e ele escorregou no assento até que suas costas estivessem
pressionadas contra a parte interna do ônibus. A janela ao lado dele estava um
pouco abaixada e eu sabia que ela não levantava. Aquela coisa estava quebrada
há anos. Se chovesse, nós dois ficaríamos molhados. Ainda assim, eu resolvi
arriscar, porque, aqui atrás, ninguém podia nos ver muito bem.
“Todo
mundo sempre encara?” ele perguntou em um sussurro.
“Eles
vão superar isso”. Foi então que eu reparei que ele estava, mais uma vez,
usando minha jaqueta azul-marinho. O pensamento de ele querer usá-la porque era
minha fazia coisas engraçadas com a minha frequência cardíaca. “Essa é uma
jaqueta legal que você está usando”.
“Você
acha?”, ele disse, sem perder uma batida. “Esse cara realmente atraente me emprestou. Ela tinha o cheiro dele quando eu
a peguei, mas eu tive que lavá-la, então agora ela só cheira como eu”.
Deus,
o que ele estava fazendo comigo? Eu mal podia respirar, imagina recuperar o
fôlego.
Eu
queria fazer tantas coisas a ele, coisas que eu não deveria estar pensando em
um ônibus lotado com meus colegas estudantes, mas uma parte de mim não se
importava que eles estivessem ali. Uma parte perversa de mim, que eu estava
percebendo ser difícil de controlar, queria empurrá-lo contra o lado do ônibus
e apagar qualquer traço de qualquer pessoa com quem ele tivesse se imaginado
junto.
“Então
é por isso que você a está vestindo?” eu perguntei, minha voz rouca. “Por que
algum ‘cara atraente’ lhe emprestou?”
Ele
deu um sorrisinho malicioso. “Ah, não. Eu visto porque acontece que eu gosto
desse cara atraente”.
Sim,
eu estava acabado. Não tinha mais volta. Eu tinha mergulhado muito fundo e não
ficaria satisfeito até que ele fosse meu e eu fosse dele.
Me
sentindo corajoso, eu agarrei a frente da jaqueta que ele tinha reivindicado e
o puxei na minha direção. A máscara relaxada escorregou, um enrubescimento
coloriu as bochechas dele e um suspiro forte partiu os lábios dele. “Você me
deixa doido”, eu disse, porque era a única coisa que eu conseguia pensar em
dizer, e também porque era a verdade.
Ele
engoliu, seu pomo de adão mexendo em sua garganta. “D-de um jeito bom?”
“De
um jeito que fica impossível parar de pensar em você”.
“Levi”.
Ele disse meu nome como se fosse algo divino e requintado, como se fosse alguma
coisa que você dissesse no escuro: um prazer culpado. Eu queria ouvir ele
dizê-lo repetidas vezes...
“Antes
de vocês começarem a transar”, Jean disse, pegando o assento a nossa frente,
“devo informa-los que nós estamos em um ônibus maltrapilho?”
“Não
é maltrapilho”, treinador Smith rugiu naquela voz calma, mas ressoante dele.
Se
ele tinha ouvido de onde estava sentado, então ele, indubitavelmente, ouviu o
que Eren e eu estávamos dizendo apenas alguns segundos atrás.
Provavelmente
o ônibus inteiro ouviu o que estávamos dizendo.
Bem...
merda.
Antes
que eu pudesse medir a reação de todo mundo, Petra veio marchando pelo corredor
com o cilindro de oxigênio do Eren logo atrás dela. Na nossa pressa tínhamos
deixado tudo para trás com exceção de uma bolsa de mão. Eu estava prestes a me
desculpar, mas ela me silenciou com seu sorriso de está-tudo-bem.
“Aqui
está, Eren”, ela disse, entregando a alça para ele. “Você está se sentindo bem?
Você parece corado”.
“Petra,
por favor!” Jean berrou de um jeito exagerado. “Deixe as crianças em paz”.
Ela
pareceu confusa, mas deixou pra lá. Os dois se viraram em seus lugares para
frente. Então o treinador Smith se levantou, descansando seus antebraços nos
topos dos bancos dos dois lados dele. Ele olhou todos nós, olhos azuis nos
escaneando até que soubesse que ninguém o interromperia.
“Então”,
ele começou, “como todos sabem, Levi estará nos deixando, pessoal de
Shiganshina, para trás em uma semana. Eu pensei em irmos para Trost para um
último viva antes de ele partir, mas, e eu falo sério, se algum de vocês
começar qualquer problema por lá, eu vou fazer Xerife Flagon jogá-los na cadeia
pra passar a noite. Estamos entendidos?”
Um
coro de “Sim, treinador!” se seguiu.
“Bom.
Com todas as coisas chatas ditas, quem está pronto pra cair na estrada?”
Todo
mundo gritou e ovacionou menos eu, porque eu teria que dizer ao treinador em
breve que eu não sairia da cidade ainda. Ele ficaria decepcionado? Ele tinha
aberto uma conta de banco pra mim, afinal. Mas, mesmo que ele ficasse
decepcionado, eu ainda tinha que dizer a ele, porque eu teria que manter meu
trabalho na oficina de reparos dele.
“Então
vamos sair”, ele terminou, e o motorista do ônibus, Nile Dok, deu partida no
motor.
Todos
no ônibus começaram a falar ao mesmo tempo. Eles estavam falando constantemente
sobre a formatura, mesmo que só tivessem cinco veteranos aqui. Todo o resto era
de primeiro e segundo ano, mas isso não os impedia de ficarem empolgados. Eles
estavam felizes pela turma de graduação desse ano. Krista sorriu para a
namorada dela, Ymir, que era uma veterana, e Connie parabenizou Annie, Reiner e
Bertold – os outros do terceiro ano.
Quanto
a mim, eu não me importava muito com a formatura. Era um grande evento por
sentar seu traseiro na escola por oito horas por dia, por doze anos seguidos.
Supostamente era para ser uma celebração – Ê,
você conseguiu! – quando realmente esses anos passados ganhando esse
diploma foram o inferno para mim. A maior parte do tempo eu não pude estudar
para os exames, porque eu estava ocupado demais com o trabalho. Apesar do Kenny
ter pagado a casa, ele não pagava pelas contas de eletricidade, esgoto ou água.
Isso tinha sido deixado por minha conta.
“Me
dê sua mão direita”, Eren pediu de repente, me acordando de meus pensamentos.
Eu o
fiz sem fazer pergunta alguma.
Ele
virou minha mão de modo que minha palma ficasse para cima. Então ele empurrou a
manga da minha jaqueta para cima para olhar minha pele como se ele pudesse ver
alguma coisa ali que eu não podia. Depois de um longo tempo olhando para o meu
braço, ele puxou uma caneta esferográfica preta de seu bolso traseiro e, bem
cuidadosamente, começou a desenhar.
Eu não
olhei o que ele estava desenhando. Eu queria observar o rosto dele.
Sempre
que Eren desenhava, ele focava toda sua atenção nisso. Só tinha meu braço (sua
tela escolhida) e os traços precisos da caneta dele. Ele era bonito. O mundo
caiu naquele momento, deixando para trás apenas eu e ele. Todo o barulho ao
nosso redor morreu no nada, porque o único som que eu podia ouvir era sua
respiração irregular.
Eu queria
muito ele. Eu queria nos misturar até que ninguém pudesse nos diferenciar. Eu queria
tudo dele, cada parte.
“Pronto”,
ele anunciou.
Pela
primeira vez desde que ele começara, eu olhei para o meu braço. Ele tinha
desenhado uma asa, preta e precisa. A tinta preta se destacava na minha pele
pálida tornando a asa muito mais vívida, como se, se ela quisesse, ela pudesse
saltar do meu braço.
Sem
dizer nada, ele puxou a manga da jaqueta de seu braço direito e desenhou outra
asa, a companheira da minha. Ele não preencheu essa. Foi deixada a cor da pele
dele, mas, se eu pudesse colori-la, eu a faria branca – pura e sólida como ele.
“Você
queria se libertar dessa cidade”, ele disse em uma voz baixa. “Asas poderiam
lhe dar essa liberdade”.
Eu olhei
para ele. “Asas da Liberdade”.
Ele
sorriu. “Exatamente”.
Repentinamente
uma ideia me ocorreu. “Me dê minha jaqueta”.
“Ãh?”
Os olhos dele dispararam para os meus.
“Minha
jaqueta”, eu disse mais uma vez, sustentando minha mão.
Parecendo
cabisbaixo, ele tirou minha jaqueta e me entregou sem levantar o olhar para
encontrar o meu. Eu a coloquei em meu colo e então tirei a jaqueta de couro que
eu estava usando, estendendo-a para ele depois. “Aqui”, eu ofereci. “Essa ainda
cheira como eu”.
Ele
abriu um grande sorriso (lindo) e
vestiu a jaqueta como se ela estivesse prestes a desaparecer. Ele a puxou para
perto do seu corpo. “Isso significa alguma coisa dessa vez?”
“O
que você quer que signifique?” eu perguntei.
Ele
encolheu os ombros, virando a cabeça para olhar pela janela. Tinha começado a
chover. Grande surpresa. “Você gosta de mim, Levi?”
Ele
realmente precisava perguntar? “Sim”.
“Então
faça isso significar alguma coisa”.
“Você
está insinuando que quer que eu lhe peça em namoro?”
“Só
se você quiser namorar comigo”.
“Eu
quero”, eu disse, porque eu queria.
“Então
me peça em namoro”.
Eu senti
como se estivesse esperando por ele toda a minha vida e agora ele estava aqui.
“Eren,
você quer ser meu namorado?” As palavras pareceram desajeitadas saindo de minha
boca, mas você nunca pensaria isso pelo jeito que ele se virou e olhou para
mim, como se pudesse me ver, tudo de
mim.
Então
ele disse, muito sério, “Sim”.
E lá
nós estávamos: dois garotos sentados em um feio ônibus cinza, estendendo os
braços para segurar a mão um do outro, porque estávamos juntos, e nada parecia
mais correto.
_____________________________________________________________
Notas
da autora:
Sério,
eu sou tão cliché. Me perdoem, mas a trilha sonora dessa fic consiste da banda Muse,
mais Muse, e um pouco mais de Muse. Tem outras músicas que eu escuto que não
são da Muse, mas são as músicas deles que me impactam, mudam meu caminho para
esses personagens. Eu amo tanto eles. Eu venho escutando as músicas deles por
12 anos e eu ainda não me cansei deles.
Nota
extra: eu estou ciente que Levi canon não bebe café, e sim chá. Mas esse não é
o Levi do universo canon. Esse não é o soldado mais forte da humanidade, e sim
um Levi diferente que nunca lutou contra um titã ou voou por aí com um
dispositivo de manobra 3D. Esse Levi gosta de café, porque eu, a criadora desse
Levi em especial, é viciada em café. XD
De
qualquer modo, já que eu estou me deixando levar totalmente aqui, obrigada por
lerem!
Curiosidade: Caminhonete da Petra
Muito bom gosto Muse realmente combina, eu achei que a caminhonete dela estivesse um pouco mais acabada , mas esta muito boa, muito obrigado adorando a fic bjss.
ResponderExcluirTambém imaginava ela mais acabadinha, mas o pais da Petra trabalham e bancam ela, apesar de serem ausentes, então acho que ela pode manter uma caminhonete direitinha. hehehe
ExcluirNão esquecendo que a caminhonete foi reformada pelo tio de Petra como foi dito no texto.
ExcluirAmando cada cap 😍😍😍
ResponderExcluirSsssssiiiiimmmmmmm....
ResponderExcluirVomitei arco-íris com esse pedido de namoro.... Wwwwoooowww lindosssssssss!!!
ai velho, tô apaixonada já pela essa história
ResponderExcluirAmando cada olhar, borboletas no estômago...
ResponderExcluirNão conseguir ler este capítulo. Ele ficou no lado esquerdo um pedaço enorme, eu não soube acertar . Rssss
ResponderExcluirAí ao voltar , a escrita ficou perfeita e então eu ler este capítulo. Uau ! Rssss
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