Oi pessoal!
Desculpem a falta de capítulo ontem, mas estava terminando CS. *u*
Eu tive que sair hoje e acabei não conseguindo terminar de traduzir o último capítulo (e ainda vou ter que sair de novo T^T), mas vou traduzi-lo agora (e quando voltar) e, assim que eu acabar, independente da hora, eu vou postá-lo! Assim, finalmente chegamos ao fim dessa fic linda! Eu procrastinei muito com ela, por isso peço desculpas, mas eu realmente espero que a demora não tenha desanimado vocês tanto assim. (*´∀`*)ゞ
Sem mais, vamos ler! ^⬨^/
Beijos~
Lena.
Eren é tão lindoooo!!!! *O*
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Capítulo
25: Minha caixa de Pandora
Resumo:
Meu coração triste lhe procura sempre [1]
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Notas da Autora:
(...) Esse capítulo meio que parece um filler (enchimento), mas também é necessário. Eu só desejava que
ele tivesse mais coisas importantes nele, mas ele realmente tem sua
importância. Eu juro que não faço sentido nenhum, mas tenho certeza que você
vão entender o que quero dizer depois de lerem, então vão em frente. :)
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Na Noite de Natal, eu me encontrei de pé na
cozinha da Petra estampando biscoitos em forma de rena da massa que foi
esticada sobre a tábua de corte. A casa inteira estava cheirando a assados
frescos e música de feriado tocava ao fundo, mas, a cada alguns segundos, a
música era interrompida por Petra sovando massa com mais força do que o
necessário. Na sala de estar, os pais dela estavam sentados conversando
ociosamente sobre vinho tinto. Eles tinham vindo para casa no último segundo
arruinando todos os nossos planos para o dia.
Jean, que estava salpicando açúcar em uma
fornada de brownies, de repente soltou, “Isso é ridículo. Eles não podem
simplesmente voltar assim. Quem diabos eles pensam que são?”
Petra suspirou, um som longo e duradouro de
derrota. Ela limpou suas mãos cobertas de trigo no avental que ela estava
vestindo sobre seu vestido borgonha. “Essa é a casa deles.”
“Nós não precisamos ficar aqui,” ele
insistiu. “Nós podíamos ir para a minha casa.”
Enquanto eles discutiam sobre se deveríamos
ou não ficar, eu fiquei de pé ali pensando sobre como amanhã era meu
aniversário de dezoito anos. Eu não queria comemorar, mas o Treinador Smith
havia tomado para si o plano de uma festa de despedida/Natal na igreja local. A
cidade inteira estaria lá, então não comparecer não era uma opção.
Especialmente já que esse seria meu último Natal aqui em Shiganshina.
Eu coloquei os cookies restantes sobre a
folha e fechei meus olhos com um suspiro. Nos últimos cinco dias, eu estive
tentando encontrar um jeito de me comunicar com Grisha, mas ele tinha sumido
sem deixar traços. Como a mulher na agência de correios me dissera várias
vezes, era contra a lei que ela me desse o endereço de envio dele, o que me
deixou sem uma forma de descobrir se Eren ainda estava vivo ou não. Como eu
deveria seguir em frente assim?
“Levi,” Jean estalou, chamando minha
atenção para ele. Ele estava limpando o açúcar refinado que ele tinha derrubado
sobre o balcão. “Diga a ela que deveríamos ir.”
Eu olhei para Petra que estava encarando-o
com adagas nos olhos. “Eu não quero que vocês dois briguem por causa deles.
Eles não valem isso.”
“Eu sei que não,” Petra disse em um golpe.
Então ela suspirou, virando-se para que ela pudesse passar os braços na cintura
do Jean. Ela descansou a testa entre as omoplatas dele. “Me desculpe. Você está
certo. Nós deveríamos sair. Nenhum de nós quer ficar aqui.” Ela virou a cabeça
para olhar pra mim. “Vamos empacotar todas essas coisas e ir para a casa do
Jean. Era para ser nós três. Meus pais não podem mudar isso agora.”
Eu fiz a pergunta que precisava ser feita:
“E se eles decidirem que não querem que você vá?”
“Então eu vou me trancar no meu quarto e
levar toda a comida que eu fiz comigo.”
Jean bufou um riso. “Se você pensa que vai
comer essa comida toda sozinha, então está enganada. Eu trabalhei pra caralho
fazendo aquelas panquecas de cheesecake [2],
que eu tenho certeza que têm mais de cinco mil calorias nelas, mas quem está
contando?”
Os próximos quinze minutos foram passados
carregando a comida para a caminhonete de Petra. Surpreendentemente, os pais
dela não questionaram o que estávamos fazendo. Eu não consegui descobri o
porquê disso até eu ter um vislumbre deles na sala de estar. Mesmo da onde eu
estava à porta, eu podia ver que eles estavam embriagados. Os dois estavam
sentados no chão, ignorando o tabuleiro de SCRABBLE [jogo de palavras cruzadas]
entre eles em favor de bebericar vinho. Eu os observei por um tempo, me
perguntando se eles sabiam que sua única filha desistira de ter a atenção
deles. Eu não conseguia me fazer me sentir mal por deixá-los ali sozinhos.
Depois que tudo estava empacotado, Jean
carregou Petra no estilo noiva e a carregou para a caminhonete. Ela riu
enquanto ele tentava abrir a porta do lado do passageiro com ela em seus
braços. Eu não podia evitar de pensar em Eren enquanto os observava. Eu podia
me sentar aqui e me sentir amargo com isso, mas o que eu ganharia com isso? Em
vez disso, eu escolhi ficar feliz por eles. Eles mereciam isso, afinal.
Quando estávamos na caminhonete, com pratos
de comidas em nossos colos, Jean girou a chave na ignição e saiu para a rua
lentamente. A neve se agarrava nas correntes enroladas nos pneus gerando um som
de esmagamento que levou Petra a ligar o rádio. Enquanto “All I want for
Christmas is you” tocava, eu virei minha cabeça para olhar pela janela,
observando as casas familiares passarem por nós numa série de memórias que eu
não me importava de guardar.
Era óbvio para mim agora que eu nunca
aceitara verdadeiramente que Eren se fora. Esses últimos cinco dias provaram
isso para mim. Mesmo que eu conseguisse falar com Grisha, será que ouvi-lo
dizer as palavras que eu temia me dariam um fechamento? Será que me ajudaria a
seguir em frente saber que Eren estava morto? Eu fechei meus olhos, soltando um
pequeno suspiro, porque eu já sabia a resposta para aquelas perguntas. As
únicas memórias que eu desejava manter eram aquelas do garoto que mudou minha
vida. Todo o resto parecia minúsculo em comparação.
“Você pode acreditar que será de maior [3] amanhã?” Jean disse estapeando o
volante até que eu olhasse para ele. Quando ele viu que tinha minha atenção,
ele adicionou, “Como a carta está indo?”
Depois de meu confronto com ele, eu decidi
escrever uma carta para Eren como uma forma de expor tudo o que eu sentia. Mas
colocar meus sentimentos em palavras era difícil. Eu não conseguia escrever
duas frases sem desistir. Havia tanto que eu precisava dizer, mas eu queria
dizer para o Eren. Eu queria que ele ouvisse, para que ele pudesse entender o
quanto ele significava pra mim, o quanto ele me mudou para melhor. Eu estava
com tanta raiva de mim mesmo por não ter dito essas coisas para ele enquanto
ele estava aqui. Agora era tarde demais.
“Não está saindo,” eu admiti, encostando
minha testa no vidro da janela. Foi então que Jean passou pela velha rua do
Eren e eu poderia jurar ter visto... “Jean, para o carro!”
“Que?” ele perguntou confuso.
“Para o carro!” Eu empurrei a porta antes
da última palavra sequer ter saído da minha boca, o que fez ele afundar o pé no
freio. O prato que estava no meu colo agora estava no espaço para os pés, mas
eu já estava do lado de fora na calçada. Foi um milagre eu não ter caído de
bunda com o quanto o cimento estava escorregadio.
Sem me explicar, eu comecei a correr de
volta por onde viemos. O solado da minha bota era inútil nesse clima e eu quase
escorreguei com cada passo que dava, mas eu não podia parar. Eu precisa ver se
eu tinha visto o que pensava que tinha visto. Quando eu virei a esquina que me
colocou na Rua Stewart, eu parei bruscamente em meu caminho. Lá, estacionado na
frente da velha casa de Eren, estava o carro do Grisha. Meu coração batia
furiosamente, forte e rápido o suficiente para fazer meu peito doer.
Cambaleando em frente, eu conseguir chegar
ao carro dele sem cair. Enquanto fiquei parado ali no frio, eu notei que Grisha
estava sentado no assento no motorista, sozinho. Pelo que eu podia ver, os
últimos quatro meses não foram bons com ele. Seu cabelo estava mais cinza do
que marrom agora, e as rugas em seu rosto haviam se aprofundado
consideravelmente. Ele parecia ter envelhecido anos em questão de meses.
Querendo chamar a atenção dele, eu bati no
teto. Imediatamente, os olhos dele levantaram da tela de seu celular. Ele
pareceu assustado ao me ver.
Batendo alguma coisa em seu celular, Grisha
abriu a porta do motorista. “Levi, o que está fazendo aqui?”
Minha garganta se contraiu enquanto ele
pisava na rua. Fazia tanto tempo desde que eu o vira. “Eu vi seu carro quando
Jean dirigiu por aqui. Eu...” Eu fechei meus olhos por um curto momento,
juntando a coragem para fazer a próxima pergunta. “O Eren está com você?”
Grisha me olhou por um tempo muito longo
antes de balançar a cabeça. “Não, não está. É por isso que estou aqui, na
verdade. Eu tenho uma coisa para lhe entregar, mas vendo como é Noite de Natal,
eu pensei que esperaria pra isso. Eu não quero interferir nos seus planos.
Minhas pernas estavam a segundos de ceder,
então eu me encostei no carro dele para ter apoio. Eren não estava com ele, o
que só podia significar uma coisa...
Nada poderia me preparar para o sentimento
que tomou conta de mim naquele momento de descobrimento. Era uma dor intensa e
enchia meu peito com um peso que eu sabia que ficaria comigo para sempre.
“Levi, ei,” Grisha disse se aproximando de
mim. Ele passou o braço pelos meus ombros. “O que eu vim para lhe entregar pode
esperar. É Noite de Natal. Eu sei que você precisa estar em algum lugar agora,
e você deveria passar a noite fazendo o que você planejou fazer.”
“É algo dele?” eu perguntei em uma voz
baixa. Mesmo quando a primeira lágrima desceu pela minha bochecha, eu não me
importei de enxuga-la. “Você veio para Shiganshina de novo para me dar alguma
coisa que veio dele?”
“Sim.”
“Então não pode esperar. Se vem dele, eu
preciso disso.”
Para
minha surpresa, Grisha deu um riso abafado. “Sabe, eu avisei a ele para não lhe
dar nada, que tempo suficiente já tinha passado pra você para ter superado ele,
e que ele não deveria reabrir velhas feridas. Você quer saber o que ele tinha a
dizer sobre isso? Ele disse, ‘Levi me ama mais do que isso, pai. As feridas
ainda não cicatrizaram.’ Ele ficou com raiva de mim por dias.” Em um tom
triste, ele adicionou, “Ele não tinha superado você também.”
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa,
a caminhonete da Petra apareceu no fim da rua. Nós dois ficamos quietos
enquanto ela se aproximava. Pelo para-brisas dianteiro, eu vi os olhos de Jean
se alargarem enquanto fixavam em Grisha, que estava digitando alguma coisa em
seu celular. Isso tudo parecia muito surreal, como algo do que eu acordaria e
não acreditaria que tinha acontecido. Seria mais fácil desse jeito. Assim eu
não sentiria essa incrível tensão em meu coração.
Jean parou a caminhonete atrás do carro de
Grisha e, assim que o rugir do motor parou, ele e Petra estavam empurrando as portas.
Enquanto eles andavam para onde eu estava, eu vi a expectativa nos olhos deles,
a pergunta que eles não queriam pronunciar. Eu não estava pronto para dizer
aquilo, então eu não ofereci resposta alguma.
“Dr. Jaeger,” Petra disse quando nos
alcançou. “O que o traz à cidade?”
“Um pedido,” Grisha respondeu. “Não era
minha intenção esbarrar em todos vocês hoje. Como eu disse para o Levi, eu não
quero interferir com nenhum de seus planos, então não se sintam obrigados a
ficar por aqui. Se vocês têm algum lugar para estar, então eu entendo
completamente.”
Ela sorriu enquanto batia dava tapinhas no
ombro dele. “Não se preocupe. Nós não temos muito planejado para hoje. Nós só
ficaríamos sentados aproveitando a companhia um do outro. Você gostaria de se
juntar a nós? Isso é, a não ser que você tenha seus próprios planos.”
“Não, sem planos para mim hoje. Eu
realmente agradeço a oferta, mas eu não gostaria de ser um incômodo.”
“Você não seria. Tem comida o bastante para
nós, certo rapazes?” Ela olhou primeiro para Jean, então para mim.
Jean disse, “É, cara, é Noite de Natal.
Seria uma droga ficar sozinho. Quero dizer, você está sozinho, certo?”
Eu lancei um olhar a ele porque aquilo não
foi nem um pouco sutil, mas ele apenas deu de ombros de um jeito bem Jean.
Grisha tirou seus óculos para apertar a
ponte de seu nariz, como se estivesse tentando conter uma dor de cabeça. Ele
parecia cansado. “Sim, estou sozinho, e eu estive dirigindo por um tempo
terrivelmente longo. Temo que não seria uma boa companhia essa noite. Estou
dormindo em pé.”
“Onde você vai ficar?” Petra perguntou.
“Em lugar nenhum, por enquanto.”
“Então venha conosco. Nós vamos arrumar um
quarto para o senhor na casa do Jean e você não será um incômodo. Vamos, Dr.
Jaeger, deixe-nos ajuda-lo na Noite de Natal.”
Com um sorriso, Grisha disse, “Como eu
poderia recusar uma oferta assim?” Enquanto eles continuaram falando, ele tirou
um envelope do bolso de seu casaco. Meu nome estava escrito na frente na
caligrafia inclinada que eu conhecia melhor do que a minha própria. Ele
entregou para mim. “Eren queria que você escutasse a fita aí dentro no seu
aniversário, mas eu tenho certeza que ele não se importaria de você ler a carta
um pouco antes.”
Com dedos trêmulos, eu peguei o envelope
dele. Eu olhei para isso e passei meu dedo indicador sobre meu nome. Eren.
Dentro estava seu último adeus. Depois disso, eu não teria nada novo dele. Tudo
ficaria no passado, uma memória que eu colecionaria em desespero. Por que a
vida trabalhava de formas tão cruéis?
“Você precisa de um minuto?” Petra
perguntou, colocando sua mão sobre a minha.
Eu precisava de mais que um minuto, mas eu
assenti. Depois disso, Grisha, Petra e Jean se reuniram ao lado da caminhonete
e me deixaram sozinho para abrir o envelope que continha a única coisa que eu
estivera esperando. Porém, agora que eu a tinha em mãos, eu não tinha certeza
se a queria. Não teria mais volta depois que eu lesse a carta. A realidade que
eu estive evitando estaria do lado de fora e enfiá-la de volta para dentro não
faria sentido. De certa forma, isso era minha caixa de Pandora.
No entanto, eu não podia adiar isso para
sempre. Quatro meses se passaram e eu nem tinha começado a superar. Era a hora
de eu encarar isso, então eu abri o envelope e puxei o pedaço de papel sobrado
lá de dentro. Alisando-o, eu tomei vários momentos para encarar as linhas de
frases que Eren havia escrito para mim. Isso só servia para me mostrar que eu
ainda estava apaixonado por ele.
Então, eu comecei a ler.
E eu não
sei, não sei, se nós pertencemos um ao outro ou separados, exceto que minha
alma se demora sobre a pele sua e eu me pergunto se estou arruinando tudo o que
tivemos, e não tivemos.
-Anne Sexton
Querido
Levi,
Essa carta
não tem começo; nenhuma palavra justa para inicia-la me vem à mente. Eu poderia
lhe dizer o quanto sinto sua falta, o quanto eu sofro por você, mas se você se
sente como eu me sinto, então você não precisa de uma explicação da dor que
veio com a separação.
Há dias que
eu me arrependo de deixar você. Eu desejo retirar aquilo e me deitar nos seus
braços até que não possa dizer quem é quem, mas, então, eu penso pelo que eu
passei desde que parti e entendo que o que eu fiz era necessário. Mas isso dói.
Dói tanto estar onde você não está. Eu ainda acordo toda manhã querendo ver seu
rosto, ouvir sua voz, experimentar o meu nome em seus lábios, mas estou sozinho
e eu sinto isso. É uma dor aguda e constante em meu coração.
Se eu
estivesse sentado aí com você, eu perguntaria o que você pensou sobre que esta
carta seria. Você pensou que eu diria adeus? Levi, mon amour, eu não consigo
dizer adeus pra você. É impossível porque eu o amo como o girassol ama o sol.
Mesmo quando estou envolto em escuridão, eu ainda desejo o calor de sua pele, e
eu viro meu rosto procurando por ela, mas só encontro o frio. Mas isso não quer
dizer que não procurarei por ela. Eu vou: hoje, amanhã e o dia seguinte.
Eu amo você.
Eu não posso dizer essas palavras o suficiente. As enfermeiras pensam que estou
louco porque, apesar de pelo que estou passando fisicamente, eu estou mais
despedaçado pela sua ausência. Isso é o amor, no entanto, não é? Ele é louco e
idiota, mas eu não me importo tanto quando é com você.
Agora, para
chegar ao motivo dessa carta: Há uma fita guardada no envelope que esta veio.
Eu quero que você a escute no seu aniversário. Ou mais especificamente, à
meia-noite. Tem um motivo para isso, assim como tem um motivo para eu ter feito
meu pai dirigir à Shiganshina para lhe entregar isto pessoalmente. Eu sei que
não estou aí, mas ainda sou capaz de fazer pedidos e este será meu último.
Eu amo você,
Levi. O que é o tempo comparado ao nosso amor? Nada. Nada mesmo.
Seu,
Eren.
Em um beijo
você saberá tudo o que eu não disse.
-Pablo Neruda.
Me virando para Grisha, eu disse, “Isso parece incompleto.”
“A fita vai completa-la, eu presumo.”
(x)
De volta à casa do Jean, nós nos sentamos
em volta da mesa comendo comidas de festa que não conseguiam me distrair da
carta de Eren. O que tinha naquela fita? E por que eu tinha que esperar até meu
aniversário para ouvi-la? Tudo o que eu podia fazer era adivinhar, o que não
era bom o suficiente para mim. Eu queria saber.
De repente, a sopa que eu estava tomando
desceu pelo tubo errado, me fazendo engasgar. Paciente como uma mãe, Petra
começou a dar tapinhas na minha costa até que eu me recuperasse do acesso de
tosse. Era vergonhoso como eu começara a engasgar pensando sobre o que tinha na
fita esperando por mim no quarto de Jean. Eu me sentia tão impaciente, pronto
para ferver, porque eu sabia que a fita era realmente o que eu estive
esperando. A carta era apenas o ato de abertura.
“Você está bem?” Petra perguntou depois que
eu engoli vários goles de água.
Eu enxuguei minha boca com um guardanapo.
“Sim.”
Jean abriu um sorriso afetado, o que era
nojento porque a boca dele estava cheia de panquecas de cheesecake. “Ainda engasgando pelo Eren, eu vejo.”
“Jean!” Petra sibilou, seus olhos
disparando para o quarto onde Grisha estava dormindo.
“Muito cedo?”
Eu o encarei. “É, cedo demais. Agora cala a
boca e come.”
Não tinha clima festivo enquanto
continuamos a comer em um silêncio meio constrangedor. Minha mente estava a um
milhão de quilômetros de distância. Eu sabia que Eren não estava aqui, mas o
fato de que tinha alguma coisa dele esperando por mim me deixava inquieto. Eu
queria fosse meia-noite logo para que eu pudesse ouvir o som da voz dele, para
que eu pudesse saber o que ele tinha a dizer.
“Eu acho que vou dar uma caminhada,” eu
disse, precisado me afastar por um tempo.
Jean enfiou um brownie inteiro na boca
antes de responder com, “Okay.”
Petra deu a ele um olhar exasperado. Então
ela se virou para olhar pra mim. “Tudo bem. Você quer companhia?”
“Não,” eu disse. “Eu acho – Eu preciso
ficar sozinho agora.”
Ela assentiu. “Okay. Se precisar de nós, é
só ligar.”
Enfiando meus braços pelas mangas de meu
casaco, eu saí para o alpendre para encontrar Grisha já parado ali. Ele olhou para
mim por cima do ombro. Em sua mão, ele segurava uma carteira de cigarros. Eu olhei
para ele por alguns minutos, sem saber o que fazer deles. Se ele tivesse
começado um hábito de fumar, então isso seria bem doentio considerando que seu
filho sofreu de IPF, uma doença que matava os pulmões.
“Ei,” eu disse finalmente, meu tom amargo.
“Eu sei o que está pensando.” Ele balançou
a carteira que ainda segurava em sua mão. “Eu não fumo. Não mais. Eu parei
quando Eren foi diagnosticado.”
“Então por que está com eles?”
“Essa carteira foi a última que comprei,
anos atrás. Eu a aguardei. Não sei porque fiz isso. Naquele tempo, era uma rede
de segurança. Você sabe, para o caso de eu sentir uma ânsia, que eu tive, mas
eu nunca tirei outro cigarro depois que Eren explicou para mim como era difícil
respirar.” Ele parou, a mão dele se apertando em torno da carteira. “De
qualquer jeito, ele queria que eu os enterrasse em algum lugar aqui em
Shiganshina. É parte do pedido. Ele está me mantendo bem ocupado.”
“Você se importa que ele esteja?” eu
perguntei.
Ele balançou a cabeça. “Não. Depois que a
mãe dele faleceu, ele era tudo o que me restava. Eu coloquei tudo o que sou
nele e não estou frustrado. Ele se tornou um indivíduo incrível. Ele foi, e
sempre será, minha maior realização.”
Por um longo tempo, nenhum de nós disse
qualquer coisa. Então eu perguntei, “Você gostaria de enterrá-los agora? Ou
você queria fazer isso sozinho?”
“Não, eu acho que fazer isso com você seria
muito mais significativo.”
Então, juntos, nós saímos para o jardim e
nos ajoelhamos na base de um olmeiro. Já que não tínhamos nenhuma pá conosco,
nós começamos a cavar neve e grama e terra com as mãos livres. Eu não me
importava tanto, mesmo que estivesse congelando lá fora e a neve, tão fria que
era quente, esfregava em meus tornozelos expostos. Estar ocupado me deixava
menos inquieto, apesar de minha mente ainda estar na fita esperando lá dentro.
Quando conseguimos um buraco de bom
tamanho, Grisha acomodou a carteira dentro dele sem pensar duas vezes. Ele olhou
para eles e, então, do nada, ele os tirou. Eu o espiei enquanto ele fazia
aquilo, surpreso de ver que ele estava chorando. Eu não evidenciei isso, assim
como ele não tinha evidenciado minhas próprias lágrimas mais cedo naquele dia. Assim
que ele terminou de dar seus sentimentos aos cigarros, ele enfiou uma mão cheia
de terra dentro da carteira.
“Não consigo acreditar que eu costumava
fumar isso,” ele disse depois que eles estavam completamente cobertos. “Eu sou
um médico. Você pensaria que eu seria mais esperto que isso.”
“Nós todos nos perdemos para alguma coisa.”
Ele olhou para mim. “Sim, suponho que
esteja certo.”
(x)
Exatamente à meia-noite, eu me sentei
sozinho em meu quarto, o gravador que eu guardara meses antes sobre o meu colo.
Incapaz de esperar mais um segundo, eu apertei o PLAY.
A voz de Eren encheu meus ouvidos
imediatamente, bela e precisa. “Vá para o lugar onde você realmente me viu pela
primeira vez. Escute o resto da fita lá.”
Eu sabia onde precisava ir: A praia.
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Notas da
Tradutora:
[1] Verso do poema “Brown and
Agile Child” (Criança ágil e morena) de Pablo Neruda.
[2] Panquecas de Cheesecake:
Cheesecake é uma espécie de bolo (está mais para torta, na minha opinião XD)
originado na Grécia, mas popularizado nos Estados Unidos nos anos 70. O
cheesecake americano é normalmente constituído por uma base de biscoito, um
recheio à base de queijo, creme e ovos, e uma cobertura de frutas, geralmente vermelhas.
As panquecas de cheesecake nada mais são do que panquecas servidas inspiradas
no bolo. Vejam a foto abaixo e babem comigo. *¬*
[3]
“Você
pode acreditar que será de maior amanhã?”- Uma tradução literal do que Jean
fala aqui seria “Você pode acreditar que será legal amanhã?”, sendo este
‘legal’ no sentido de ‘liberado pela lei’. ‘Legal age’ (idade legal) se refere
à idade que uma pessoa pode exercer legalmente uma determinada atividade. As
idades de relevância jurídica são: idade de responsabilidade criminal, maior
idade, idade de consentimento (idade legal em que se é considerado legalmente
competente a consentir com atos sexuais), idade de consumo de álcool, idade de
trabalho legal, e por aí vai. Eu achei que usar a palavra “legal” pudesse ficar
meio confuso, por isso usei “de maior”.
Por que essa autora deixa td ambíguo??? Uma hora eu to ele morreu, outra eu to ele tava fazendo tratamento.
ResponderExcluirJean é muito sem-noção Jesus kkkkkkkk
nem vou comentar, vou ler o ultimo rapido!!! obrigado Lena.
ResponderExcluirAnsiosa ansiosa ansiosa....
ResponderExcluirAmo essa fic e estou me preoarando para ler o último capítulo....
Realmente não consigo explicar como eu me sinto...
Nunca fiquei tão absorvida por uma história assim... Nunca um casal me cativou tanto... Eu me apaixonei perdidamente pela história de amor de Eren e Levi....
Não quero dizer adeus também.....
Meodeus. Acredito em milagre, Acredito! Deus é Pai . Amém!
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