Ufa! 😌
Oi gente! Estou um pouquinho atrasada para a postagem de segunda, mas aqui estou. XD Quase não termino, meu pai. (´꒳`) Estou lenta esses dias. hahahaha Mas eu me recupero, não se preocupem. ;D
Sem mais, fiquem com essa fic maravilhosa.
Beijos,
Lena.
Não lembro o nome da autora... mas peço perdão pela pequena modificação que eu fiz (a cor dos olhos do Eren, na arte original, são amarelos).
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Capítulo 21: Presos em Nossa Ampulheta.
Resumo:
Como nós ficamos tão bons em desmantelar esses
corações? [1]
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Notas da Autora:
São 5 da manhã e eu ainda não dormi. Pfff. Eu me arrependo
disso, porque estou muito cansada. *inserir emoji cansado aqui*
De qualquer forma, esse capítulo me deixou emotiva porque essa
é minha atual condição. Então ele meio que me atingiu com força. Eu espero que
não seja tão ruim para vocês, no entanto.
Se vocês não notaram, eu atualizei o número de capítulos dessa
fic. Só mais cinco faltando depois desse e eles serão difíceis. Eu espero que
vocês continuem comigo por todos eles. :)
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Aquele dia na cidade Quinta, de pé no píer
de alguma praia superlotada, logo se tornaria nosso halo prateado [2], um dia perfeito para recordar. Em
meu presente, Eren e eu estávamos começando a lutar com a inevitável escuridão
que veio junto com sua doença de pulmão.
Eren vinha entrando e saindo do hospital
pela última semana, trazendo para casa novos equipamentos médicos com cada
viagem. Dentre eles estava um BiPAP [3],
uma máquina que ajudava ele a respirar regularmente durante a noite. Não era
uma máquina grande. Era facilmente guardada em cima da mesa de cabeceira dele,
pronta para o uso sempre que ele precisasse dela em seguida. Ele alegava que
não era grande coisa, apenas uma coisa que deixaria o pai dele tranquilo, mas
eu sabia a verdade: ele precisava dela. Não era uma opção.
Nessa tarde de domingo, eu me sentei no
chão perto da cama dele, uma bagunça de papel de origami a minha frente. Eu
estava tentando me perder no complexo mundo das artes e trabalhos manuais, que
não era meu forte nem um pouco. Tinha levado um tempo para eu pegar o jeito de
dobrar grous de papel. Aqueles que eu conseguira dobrar de certa forma
decentemente agora estavam pendurados no forro do quarto dele. Eren estava
orgulhoso do meu progresso, então ele os pendurou com um sorriso que me fez
querer dominar a técnica.
Enquanto eu trabalhava, a chuva martelava
no telhado, alto o suficiente para abafar o silvo suave do BiPAP sempre que
Eren respirava. Ele esteve dormindo pela última hora; sonolento da medicação
que ele havia tomado mais cedo. Ele sempre se sentia mal por dormir quando eu
estava lá, bem acordado, mas eu ficava assegurando ele de que eu estava bem
apenas estando ali com ele, não importando se ele estivesse dormindo ou
acordado. A verdade era essa: eu tinha medo sempre que não estava com ele,
sempre preocupado e me perguntando se ele estava bem. Eu sentia como se o fio
que eu estava segurando tão firmemente estivesse finalmente escapando pelos
meus dedos, se tornando fino demais para segurar.
O tempo passava, sem som, mas
indubitavelmente lá—um inimigo invisível que nenhum de nós poderia lutar. Eu
tentava não pensar nisso enquanto eu dava os toques finais no grou que eu
estivera dobrando pelos últimos quinze minutos. Usando a ponta do meu
indicador, eu cuidadosamente dobrei o topo de uma ponta, criando uma curva para
o bico. Quando eu havia terminado aquilo, eu coloquei o grou de papel no centro
da minha mão. Tudo o que eu precisava fazer era fechar minha mão e eu iria
esmagar suas asas de papel.
Quando a mão do tempo esmagaria as asas do
Eren?
“Esse parece bom,” Eren disse sonolentamente.
Eu virei minha cabeça para olhar para ele.
Ele estava deitado de lado, o rosto escondido atrás da máscara presa à cabeça
dele. “Há quanto tempo você está acordado?”
“Não muito. Agora você deveria vir até
aqui. Você parece quente.”
Eu me levantei e coloquei o grou de papel
ao lado do BiPAP dele na mesa de cabeceira. Ele parecia aprisionado e solitário
ali, impaciente para voar em asas para sempre esticadas na direção do céu. “É
um pouco depois da uma,” eu disse, ainda olhando para o grou. “Quer tentar comer
alguma coisa?”
“Talvez depois. Vem logo aqui.” Ele me
puxou para baixo ao lado dele, impaciente. “Por que você está de sapatos?”
“Algumas pessoas fazem isso, você não
sabia?” Eu tirei meus sapatos antes de subir na cama ao lado dele. As mãos dele
estavam imediatamente dentro da minha camisa, mapeando a pele do meu abdômen. “Você
me toca como se nunca tivesse tocado antes.”
“Eu poderia lhe tocar um milhão de vezes e
ainda me doer para tocar você mais uma vez,” ele disse, soltando a tira
inferior de sua máscara. Logo a boca dele estava livre e beijou a parte
inferior do meu queixo. “Faça amor comigo nesse dia chuvoso.”
“Seu pai vai chegar em casa do trabalho em
breve. É um milagre que ele até me tenha permitido ficar aqui depois de termos
sumido por dois dias sem ligar para ele. Eu não quero abusar da minha sorte.”
Eren me puxou para cima dele. Ele me beijou
até nós estarmos ambos sem fôlego. “Isso é notícia velha,” ele me disse,
puxando minha camisa para cima e pela minha cabeça. “Aquilo aconteceu duas semanas
atrás. Será que já dá pra cooperar?”
“Você é tão agressivo.” Eu não me
importava.
“Sim. Agora tira suas calças. Elas estão me
dando trabalho.”
Nós fizemos amor cuidadosamente,
lentamente, enfiados debaixo do grosso edredom azul que engolia qualquer som
que nós fazíamos. Quando Eren gozou, foi tão repentino e intenso que eu segui
logo depois. Então nós permanecemos deitados enrolados nos braços um do outro,
as pernas entrelaçadas debaixo dos lençóis.
Eren empurrou o cabelo que estava na minha
testa para trás, aplicando beijos preguiçosos na pele ali. Ele parecia meio
sonolento de novo, mas eu queria que ele comesse alguma coisa. Na última
semana, ele mal comera alguma coisa, seu apetite diminuindo com a medicação que
ele estava tomando. Isso me preocupava. Isso também preocupava o pai dele o
suficiente para ele dedicar o começo de suas noites cozinhando comidas
extravagantes com a esperança de persuadir Eren a comer um pouco, mas isso
malmente funcionava.
“Quer um pouco de sopa?” Eu perguntei,
esfregando as omoplatas dele. Ele já tinha perdido um pouco de peso.
“Que tal nós nunca mais sairmos dessa cama
de novo, hmm? Vamos fazer amor mais ou menos continuamente e só levantar para
trazer suprimentos, como água e frutas frescas para prevenir escorbuto.”
Eu segurei a mão dele e beijei sua palma.
“Eu acho que sopa parece muito bom agora.”
Ele suspirou. “Por você, eu vou tentar
tomar um pouco de sopa.”
Depois de nos limparmos, eu ajudei ele a
vestir outro par de roupas. Ele estava cansado de novo, as pálpebras caindo por
vários minutos antes de se abrirem, brilhantemente verdes no quarto sem graça.
Eu empurrei a cadeira de rodas dele para o lado da cama e o ajudei a sentar
nela. Assim que ele estava acomodado, enrolado em um moletom de capuz cinza que
eu trouxera, eu coloquei a cânula dele. Ele respirou mais facilmente quase
imediatamente.
Enquanto eu o empurrava pelo corredor que
levava até a cozinha, ele disse, “Eu sinto muito que você tenha que cuidar de
mim como algum homem velho.”
Eu não respondi àquilo até ele estar
estacionado em frente à mesa de jantar. Então eu perguntei, “Se nossos papéis
fossem trocados, e fosse a pessoa nessa cadeira de rodas, você se importaria de
cuidar de mim?”
Aquilo pareceu acordar ele um pouco. Ele
sacudiu a cabeça. “É claro que não.”
“Exatamente,” eu disse. “Eu não me importo
de estar aqui para você, Eren. Eu amo você mais do que eu sequer posso
explicar.”
Isso aquietou ele. Então ele ficou sentado
ali e assistiu eu fazer para ele um almoço bem tarde. Eu acabei fazendo um
pouco de creme de sopa de galinha caseiro, que era o favorito dele. Enquanto
isso estava esfriando no balcão, eu notei que ele havia cochilado, sua cabeça
caindo para frente. Eu o observei assim por um tempo, sentindo lágrimas
pinicarem meus olhos, mas eu não as deixaria cair, não agora. Eu ficaria forte por ele no decorrer disso
tudo. Era isso que ele precisava de mim.
Eu andei até a cadeira de rodas dele e me
inclinei para beijar a bochecha dele. “Ei, dorminhoco,” eu disse, alisando seu
cabelo desregrado. Eu passei meus dedos pela bagunça até eles prenderem em um
emaranhado. Então eu apenas olhei para ele, meu coração doendo. “O almoço está
pronto.”
Os olhos dele se abriram lentamente, como
se exigisse muito esforço tirar o corpo dele do torpor. Ele piscou várias vezes,
voltando de qualquer que fosse o sonho que ele estava tendo, e então ele
serpenteou os braços em volta do meu pescoço. Eu me permiti ser abraçado por
alguns minutos, inalando o perfume de mente do shampoo dele que eu gravara na
memória, antes de me afastar para pegar a tigela de sopa. Quando eu a coloquei
na frente dele sobre a mesa, ele perguntou, “Você pode pegar meu sketchbook e
um lápis de carvão?”
“Você vai tentar comer um pouco disso?” Eu
não era contra implorar a esse ponto.
“Sim.”
“Okay, já volto,” eu disse, satisfeito com
a resposta dele.
Eu andei a passos largos até o quarto dele.
Na luz difusa da tarde, ele parecia cavernoso e solitário, um planeta escuro
girando fora da órbita. Eu empurrei aquele pensamento para o lado e saí a
procura do sketchbook dele. Eu o encontrei soterrado sob uma pilha de livros
com títulos estrangeiros que estavam amontoados ao lado da cama dele. Eu
coloquei eles para o lado – eles quase tombaram – e peguei o livro pelo qual eu
estava aqui. Colocando-o debaixo de meu braço, eu vasculhei a escrivaninha dele
em busca do lápis de carvão que eu o vira usar diversas vezes antes. Eu estava
prestes a desistir quando o avistei parcialmente escondido debaixo de um pedaço
de papel enrolado. Agora que eu tinha o que precisava, eu voltei para a
cozinha.
Eu encontrei Eren saboreando sua sopa como
se ela pudesse mordê-lo. “Está boa,” ele disse com um entusiasmo fingido quando
ele me viu olhando. A pele dele estava um pouco esverdeada agora. “Ei.” Eu
olhei para ele, fingindo que isso não importava, que isso não doía. “Eu amo
você. Obrigado por estar aqui comigo, mesmo quando eu estou uma bagunça agora.”
Eu fiquei mal.
“Você não está uma bagunça,” eu disse a
ele, colocando as coisas dele sobre a mesa antes de subir no colo dele. Ele não
estava experimentando nada disso por escolha. Do momento que ele foi
diagnosticado com FPI, ele foi amarrado a essa doença ele querendo ou não. Isso
era, e sempre havia sido, fora do controle dele.
“Eu estou uma bagunça, Levi,” ele
persistiu, enterrando o rosto no meu pescoço. “Mas você ainda me ama apesar
disso. É por isso que eu sou capaz de lidar com isso nesse momento. Sem você,
eu estaria uma bagunça ainda maior. Eu provavelmente nunca sairia da cama. Eu
dormiria até o sono se tornar eu.”
“Mas eu estou aqui por você e sempre
estarei.”
Ele pressionou a testa em meu ombro. “Eu
não quero voltar a dormir. Você acha que poderia me fazer um pouco de café?”
“Você vai tomar um pouco mais de sopa
primeiro?” Eu perguntei. “Você vai se sentir agitado se tomar café com um
estômago vazio.”
“Eu vou tentar comer um pouco mais.”
Depois que eu desci do colo dele, eu me
arrastei até a bancada para fazer um pouco de café para ele usando a French
Press que o pai dele havia comprado para ele alguns dias atrás. Enquanto eu
estava colocando alguns grãos dentro dela, ele me disse para fazer o café forte
o suficiente para abastecer foguetes que viajariam para o espaço sideral. Eu
não fiz nem um pouco perto daquilo forte, vendo que ele estava apenas tomando
sopa, mas eu adicionei bastante açúcar e leite (do jeito que ele
gostava–nojento) com a esperança de ele não ser capaz de dizer a diferença.
“Aqui,” eu disse, colocando a caneca branca
na frente dele. Vapor rodopiava da boca, claramente visível na luz fraca da
cozinha.
“Isso cheira bem.” Ele pegou a caneca e
soprou, o liquido marrom ondulando com o vento artificial que a respiração dele
criava. Ele bebeu um gole cuidadoso, os olhos fechando. “Mm. Eu poderia viver
desse negócio. Prenda isso em um IV e deixe ele pingar diretamente nas minhas
veias.”
Eu considerei isso por um momento. “Eu acho
que vou me juntar a você nesse plano.”
“Eu sabia que iria, mon amour.”
Fiel à sua palavra, Eren tomou mais da
sopa, apesar de ele só poder terminar metade antes de começar a me perturbar
com cada colherada. Aquilo era melhor do que nada, então quando ele me pediu
para leva-lo até a sala de estar para que pudesse desenhar, eu o levei. Eu
liguei a TV em alguma porcaria de filme feito-para-a-televisão e, então, o
transferi para o sofá. Ele rapidamente abriu seu sketchbook no braço do sofá,
folheando-a até ele encontrar uma folha em branco para ele colocar o lápis do
papel. Eu me sentei perto dele, fingindo estar concentrado no filme que tinha
os piores atores do planeta Terra.
Eu sentia como se Eren e eu estivéssemos
vivendo dentro d’água, tentando respirar nessa substância alienígena a qual
nenhum de nós conseguia se acostumar. Todo o resto – meu trabalho, as pessoas
dessa cidade – pareciam faz de conta. Elas pareciam incrivelmente distantes de
mim, cores sangradas que eu não podia alcançar enquanto estava aqui. Eu queria
puxar Eren para longe desse lugar escuro que não nos oferecia nada além de dor,
e para o céu ensolarado do nosso passado. Porém não importava o quanto eu me
esforçasse em fazer isso, nós permanecíamos presos.
Eu deslizei para mais perto dele, colocando
minha cabeça no ombro dele. Eu egoistamente queria que ele prestasse atenção em
mim, notasse que eu estava ali, desolado. “O que você está desenhando?” Eu
perguntei.
“Um turbilhão de estrelas,” ele respondeu.
“O céu?”
“Uma galáxia,” ele corrigiu. “Olha.”
Era um desenho do meu rosto, meu cabelo
soprado pelo vento, e meus olhos brilhando com estrelas. Era uma silenciosa
confirmação de que, mesmo quando ele estava perdido em seu próprio mundinho,
ele estava pensando em mim. Eu beijei a bochecha dele. “Uma galáxia Levi?”
Ele olhou para mim e então baixou os olhos
para seu desenho. “É muito mais complicado que isso,” ele disse virando a
página. Ele aplicou o lápis ao papel mais uma vez e eu observei atentamente
enquanto ele criava uma galáxia espiralada feita de pequenas estrelas, poeira e
matéria negra criada com carvão. Então, em volta disso, ele desenhou um coração
– um coração de verdade, com veias delicadas que envolviam a massa de estrelas.
“Uma galáxia assim.”
“Uma galáxia mantida em seu coração,” eu
disse.
“Mais como uma galáxia que faz o meu
coração.” Ele bocejou e, de um modo bem Eren, empurrou o sketchbook no chão,
terminado com ele por enquanto.
Nós direcionamos nossa atenção para a tela
da TV. Enquanto ele cochilava para outro sonho que o esperava no labirinto de
sua mente, eu pensei em como eu reconstruiria minha vida quando ele se fosse.
Parecia uma tarefa impossível, algo que eu não seria capaz de realizar. Eu
sempre voltaria para ele, mesmo quando não tivesse mais ele para onde voltar.
Eu não queria avançar, seguir em frente e deixa-lo para trás. Eu não queria
respirar sem ele.
Eu sabia que eu iria, no entanto. Eu
tropeçaria adiante pela minha vida, com ele para sempre preservado em minhas
memórias – sem nunca envelhecer.
Quando ele estava pesado com sono, eu
desliguei a TV e andei pelo corredor para o quarto dele. Eu troquei os lençóis
da cama dele e peguei o edredom antes de voltar para a sala de estar. Eu parei,
escutei, mas a respiração do Eren não estava irregular o suficiente para
considerar trazer o BiPAP do quarto. Eu sentei perto dele mais uma vez, jogando
o cobertor grosso sobre nós dois. Eu peguei a mão dele na minha. Ela estava
fria. “Eu amo você,” eu disse a ele enquanto ele dormia.
Eu me aproximei de sua forma adormecida,
emprestando a ele meu calor. Então eu fiquei sentado ali, ouvindo a respiração
dele, o sinal evidente de que ele ainda estava ali comigo. Eu fiquei assim até
ouvir a porta da frente abrir.
Um tempo depois, Grisha entrou na sala de
estar. “Eu trouxe convidados.” Ele gesticulou para trás dele, onde Jean e Petra
estavam de pé esperando que eu dissesse alguma coisa. Eu não tinha visto muito
deles na última semana. Petra parecia à beira de lágrimas. Jean estava me
olhando de um jeito estranho que me fazia pensar que eu significava mais para
ele do que eu percebia.
“Ei,” eu disse finalmente.
Eles desceram em mim depois disso,
cuidadosamente para não perturbar Eren.
“Eu trouxe ingredientes,” foi a primeira coisa
que Petra me disse. Ela me abraçou por um longo tempo, como se eu tivesse
ressuscitado dos mortos. Eu me perguntei o quão distante eu estive para receber
esse tipo de reação dela. “Eu queria fazer uma torta de chocolate com amêndoas
pro Eren. Ele me disse uma vez que queria experimentar, então eu pensei em
fazer uma para ele. Tudo bem com isso?”
Eu apertei a mão dela, me sentindo
desconfortável. Eu nunca fui bom em mostrar emoções e, naquele momento, eu
estava tendo dificuldades para formar as palavras. Eu senti a falta deles.
“Tudo bem,” eu disse a ela.
Jean finalmente falou, parecendo tão
desconfortável quanto eu. “Eu peguei o seu turno hoje. Eu pedi ao treinador
Smith se estaria tudo bem bater ponto por você. Ele disse que tudo bem, então
você não precisa se preocupar com horas faltando.”
“Jean,” eu comecei.
Ele me dispensou com um aceno antes que eu
pudesse terminar. “Eu quis fazer isso, okay? Quero dizer, é o mínimo que eu
posso fazer por você no momento.” Ele olhou para o Eren, que estava enfiado embaixo
do meu braço como uma criancinha – minha vida se agarrando a mim. “Como ele
está?”
“Ele está...” Eu não pude encontrar as
palavras certas para explicar. Eren estava lutando, se esforçando para passar
pelo dia a dia. Ele nunca tomou nada por garantido, cada dia que lhe era dado,
cada dia que eu estava ali com ele... ele aproveitava tudo isso, o mais doce
dos néctares, o néctar da vida. “Ele está tentando.”
Eu esperei que Jean olhasse para mim como
se não entendesse, mas ele assentiu conscientemente.
“Que tal nós levarmos ele para a cama? Não
parece que ele vai acordar a qualquer momento,” Grisha disse, falando pela
primeira vez desde que ele entrou na sala de estar. Eu assenti e, com a ajuda
dele, nós movemos Eren para o quarto dele. Quando ele estava confortável em sua
cama, máscara no rosto e BiPAP ligado, Grisha me disse, “Obrigado por estar
aqui com ele através disso, Levi. Eu sei que isso significa o mundo para ele. Eu
tenho que admitir que eu estava um pouco desapontado com você quando vocês dois
decidiram desaparecer em Sina, mas agora eu entendo a decisão imprudente dele.”
Ele fitou seu filho, tocando a mão dele pensativamente. “Eren deve ter sentido
isso chegando. Ele queria aquele tempo longe com você e eu sou grato por você
ter dado isso a ele.”
Eu engoli, mas o nó na minha garganta permaneceu,
alojado em minha traqueia, me engasgando. Eu limpei minha garganta várias
vezes. “Eu não estaria em nenhum outro lugar.”
Grisha sorriu. Era um sorriso triste que
quase todo mundo me dava esses dias. “Eu vou assumir daqui. Vá ficar com seus
amigos. Eles querem passar tempo com você e, se Eren acordar, eu vou chamar
você.”
“Okay,” eu disse.
Eu encontrei Jean e Petra na cozinha, onde
eles estavam preparando tudo para fazer a torta de chocolate e amêndoas. Silenciosamente,
eu me juntei a ele e logo eu estava despejando amêndoas picadas e açúcar no
processador de alimentos. Nenhum de nós falou por um longo tempo, trabalhando
em confortável silêncio. Minha mente estava consumida com pensamentos enquanto
eu esperava que as amêndoas ficassem prontas, mas, então, Jean mergulhou o dedo
na mistura adoçada de chocolate e o levou à boca. Aquilo me despertou para o
presente.
“É melhor você não repetir isso,” eu
avisei. “Eu não quero uma prova da sua saliva.”
Ele me fitou com um largo sorriso,
relaxadamente sugando seu dedo para me irritar. “Ele vai ser assado.”
“Nem mesmo trezentos e cinquenta graus de
calor abrasador pode matar seus germes,” eu disse, o que fez ele rir. Eu me
virei para a Petra. “Você beija isso regularmente.”
Petra riu enquanto continuava a bater gemas
de ovo em resignação. “Eu beijo.” Ela inclinou a cabeça para trás em
expectativa. Jean se inclinou sobre ela e a beijou estilo Homem-Aranha.
Eu sorri para eles, mesmo quando eu estava
com inveja do tempo deles juntos, mesmo quando eu estava silenciosamente
rezando por outro dia com Eren que nunca seria suficiente.
Uns bons quarenta e cinco minutos depois, a
torta estava assando no forno. Petra me fez uma caneca de café depois que eu me
lavei e ele tinha um sabor incrível em comparação com o meu. Eu saí para a
varanda da frente para beber o café. Como de costume, estava frio do lado de
fora, o vento beliscando e mordendo minha pele exposta. Eu olhei as casas a
minha frente enquanto eu bebericava minha bebida. Tinha geada pendurada nas
janelas e eu sabia que o verão estava terminando. O inverno estava a caminho.
Eu não notei que estava chorando até Jean
sair e me encarar com um olhar desamparado. Eu enxuguei minhas bochechas com a
manga da minha camisa, mas, depois de um tempo, era evidente que eu não iria
parar de chorar, então eu desisti. Por alguns minutos, nós permanecemos ali
daquele jeito. Então Jean se aproximou de mim, tirou a caneca da minha mão e a
colocou no chão aos nossos pés antes de me juntar nos braços dele. Eu me deixei
chorar contra ele, me deixei sentir tudo aquilo porque, assim que eu voltasse
lá para dentro, eu precisaria ser forte.
“Isso valeu a pena?” Jean perguntou.
Eu não entendi. “O que?”
Ele se afastou. “Valeu a pena ficar aqui em
Shiganshina? Agora mesmo, você poderia estar centenas de quilômetros longe
daqui. Então, valeu a pena?”
Valeu a pena?
Eu poderia ter deixado essa cidade bem
antes de me envolver com Eren. Eu não teria me sentido do jeito que me sinto
agora. Eu não conheceria essa dor, mas...
Eu pensei no sorriso do Eren, no jeito que
ele iluminava uma sala inteira. Eu pensei nos lábios dele nos meus, e no jeito
que ele dizia meu nome, como se fosse algo raro e especial. Eu pensei sobre
todo o tempo que eu passara com ele durante esses poucos meses, horas nos
perdendo um no outro, nos tornando um. Ele era belo em todas as formas, uma
constelação que eu vislumbrei no vasto céu da qual eu não podia me cansar.
Eu amava tudo sobre ele.
Então, tinha valido a pena ficar aqui nessa
cidade que eu odiava?
“Sim,” eu disse. “Valeu a pena.”
Jean assentiu como se ele já soubesse minha
resposta. “Ele está acordado e perguntando por você.” Antes que eu pudesse me
apressar para dentro, o que eu estava prestes a fazer, ele adicionou, “Nós
estamos aqui por você, Levi. Você sabe disso. Você nunca está sozinho.”
Eu abracei ele. “Eu sei.” Porém, somente eu
sentiria essa imensa perda que estava pairando sobre mim como uma faca dentada.
De volta para dentro, eu fiz meu caminho
para o quarto do Eren. Ele estava sentado na cama com um livro aberto em seu
colo. Eu me joguei na cama, sem cerimônia, aos pés dele. Ele riu e me chutou
bem levemente.
“Oi,” ele disse.
“Oi,” eu disse de volta.
“Sobe aqui.”
Eu rastejei até ele e derrubei minha cabeça
no colo dele. Ele passou os dedos pelos meus cabelos várias vezes. Eu estava
parcialmente dormindo quando ele disse, “Eu quero violar a lei.”
Agora eu estava bem acordado. Eu olhei para
ele. “Violar a lei?”
“Sim. Tem uma placa de boas-vindas na
estrada quando você entra em Shiganshina. Eu quero pintar alguma coisa nela. Diga
que vai me ajudar, ou eu terei que fazer isso sozinho.”
“Então você vai fazer isso com ou sem mim?”
Eu perguntei. Ele assentiu. “Não tem como convencer você do contrário?” Ele
sacudiu a cabeça. “Conte comigo, então.”
Ele se inclinou para baixo e me beijou. Eu segurei
o rosto dele quando ele se afastou, apenas olhando para ele.
Eu amo você.
Eu amo tanto você.
Por favor,
Deus, se puder me ouvir, por favor, não leve ele. Não ainda...
“O que você quer desenhar nessa placa?” Eu
perguntei, porque eu precisava falar para me distrair de meus pensamentos.
Eren inclinou a cabeça para o lado. “Hmm. É
um segredo.”
“Bem, quando você quer fazer esse desenho
secreto?”
“Essa noite,” ele disse.
“Isso me dá, aproximadamente, quatro horas
para pensar em um plano que pode ou não funcionar.”
Ele deslizou a mão por baixo da frente da
minha camisa, arranhando ligeiramente a minha pele. “Eu confio em você.” Ele balançou
as pernas de debaixo de mim para que ele pudesse rolar para cima de mim sem
nenhuma sutileza. “Alguma coisa cheira bem. O que é?”
“Torta de chocolate com amêndoas. Petra fez
pra você.”
Ele beijou meu pescoço. “Mm.”
“Você e sua libido vão me matar,” eu disse
a ele, sinceramente.
Com uma risada alta, ele chupou na minha
clavícula. Eu estremeci. “Eu tenho a impressão de que você pode lidar comigo e
minha libido muito bem.”
(x)
Estava congelando do lado de bora. Eu tinha
feito Eren colocar uma jaqueta por cima de seu grosso suéter de lã, mas eu
ainda me preocupei enquanto o observava andar até a placa da estrada. Era aproximadamente
uma da manhã e nós escapamos da casa dele há uma hora. Em algum lugar, Jean e
Petra se esconderam: nossos observadores. Eu não podia acreditar que Eren havia
me convencido a participar disso. Se nós fôssemos apanhados, eu tinha certeza
de que o Xerife Flagon não me deixaria livre. Ele era um idiota assim.
“Eu não consigo ver nada,” Eren sibilou por
cima do ombro.
Tudo o que eu podia ver era o reflexo de
seu carrinho de oxigênio. Eu dei uma corrida para alcança-lo. “Eu vou acender a
lanterna quando você estiver pronto para começar. Quanto tempo você acha que a
pintura vai levar? O Xerife Flagon dirige até aqui de hora em hora.”
Eren se virou para mim. Ele tateou em volta
no escuro até localizar minha mão. Ele a levou até a boca dele e mordeu
suavemente o meu dedo. “Não vai demorar nada. Agora, ligue essa lanterna. Se nós
formos pegos, eu vou chorar e contar uma complicada e gloriosa história soluçante
que vai partir qualquer coração na América, incluindo o do Xerife Flagon.”
Eu liguei a lanterna e direcionei o foco de
luz para a placa de boas-vindas. Eren vasculhou em seu bolso, produzindo vários
tubos de tinta, um pincel e uma pequena garrafa de água que ele, de alguma
forma, conseguira colocar lá. Ele organizou tudo no chão aos seus pés, considerou
a placa e, então, começou a trabalhar. Eu estava de pé atrás e mantive a luz
focada na placa para que ele pudesse ver o que ele estava fazendo nessa noite
escura.
Ali fora, perto da estrada, eu não podia
ouvir nada além do pincel deslizando contra a placa de madeira. O céu estava aceso
com incontáveis estrelas, o vento era severo em minhas bochechas, mas eu me
alegrava com isso. Esses eram momentos que eu sabia que me lembraria, não
importava quanto tempo passasse. Eles eram promessas, pressionadas em minha
pele em um beijo que se demoraria. Eu nunca seria capaz de esquecê-los.
“É melhor vocês dois estarem preparados
para explicarem minha morte repentina,” Jean disse andando na minha direção. Eren
o ignorou.
“Você deveria estar de vigia,” eu retorqui.
“Que se foda o Xerife Flagon. Se ele
aparecer, eu vou oferecer minhas bolas a ele porque elas congelaram vinte
minutos atrás. Você me ouviu, Eren? Eu sacrifiquei
minhas bolas por isso. Eu
nunca terei filhos.”
Eren riu, o que me fez rir. “Eu acho que
fiz um favor ao mundo, você não acha?”
Jean bufou. “Por favor, bebê. Esse mundo
precisa de mais de mim. Eu preciso me reproduzir a dúzia. Meus descendentes vão
abençoar toda alma com a qual eles entrarem em contato.”
“Eu não tenho dúvidas,” Eren disse. Ele se
afastou um pouco da placa. “Está pronto. O que você acha?”
Eu olhei para a placa. Ele havia pintado
uma delicada ampulheta, mas, ao invés de grãos de areia dentro dela, havia um
enxame de estrelas que brilharam em inúmeros tons de laranja e amarelo, como
luz do sol. Entre essas estrelas haviam duas mãos entrelaçadas firmemente,
segurando uma na outra com todas as suas forças. No entanto, as estrelas não se
moviam. Elas eram imóveis, congeladas. Na pintura, o tempo havia parado e
deixado de existir. Mas as mãos estavam presas na ampulheta, no entanto.
“ ‘O tempo cura tudo’, dizem,” Eren disse. Ele
olhou para mim. “Eu não acredito nisso.”
Eu disse a ele, “Nem eu. Eu iria preferir
que o tempo reiniciasse.”
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Notas da
Autora:
Tudo o que eu quero dizer é preparem-se
emocionalmente para os capítulos por vir, mas também mantenham a esperança no
decorrer deles. Eu sempre disse isso, desde o começo, então eu espero que vocês
sigam meu conselho.
Outro dia, alguém me perguntou sobre o que
eu escreveria se eu fosse escrever outra fanfic, já que esta será a última que
estou escrevendo. Eu realmente não sei. Eu sempre tenho um monte de ideias
flutuando em minha cabeça, mas eu não penso muito em uma delas, caso contrário,
eu me sinto impelida a escreve-la. Apesar de que eu não vã escrever outra fic
de muitos capítulos, eu postarei algumas histórias curtas nas quais eu vim
trabalhando pelo que parece ser uma eternidade.
Eu estou totalmente saindo do assunto. Então,
obrigada por lerem e comentarem. <3
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Notas da
Tradutora:
[1] How did we get so good at dismantling these hearts? (como nós ficamos tão bons em desmantelar esses corações), é um verso da música Hourglass (‘ampulheta’) da Sleeping At Last. Essa é uma das coisas que eu acho maravilhoso na Trish: ela faz ligações diversas na história dela com poemas e músicas que se encaixam perfeitamente nas situações. Isso é característico de grandes escritores, ou estou errada? Pelo menos eu penso assim. Eu estava querendo fazer isso (colocar referência das músicas) desde o começo, mas eu sempre acabava esquecendo. Talvez, em algum momento, eu acabe editando os outros capítulos para colocar as referências. hehe Dessa vez eu lembrei, então aí está um videozinho da música com a letra traduzida. ;)
Essas músicas que a Trish escolhe me deixam emotiva. ç_ç
[2] “Halo prateado”: em inglês “Silver Lining”. Esse termo vem da expressão “Every cloud has a silver lining” (toda nuvem tem um halo prateado), que seria o equivalente ao nosso “Depois da tempestade vem a bonança”, ou até “há sempre uma luz no fim do túnel”. É uma frase usada para dizer a alguém que sempre há um lado bom (o halo prateado) no problema que se está enfrentando (a nuvem de chuva).
[3] BiPAP (Bilevel Positive Pressure Airway) é um respirador mecânico que funciona como um compressor, gerando um fluxo de ar para o paciente fazendo com que a pressão nas vias aéreas fique sempre positiva. Ele é não-invasivo, é administrado através de uma máscara nasal ou facial. É chamado “bilevel” porque trabalha com dois níveis de pressão alternados, uma maior inspiratória e uma menor expiratória, simulando uma respiração espontânea dando mais conforto ao respirar (fonte: http://www.oapd.org.br/bipap-o-que-e-e-como-funciona/).
***
Eu saliento o que a Trish disse nas notas
aí de cima: preparem-se psicologicamente, mas nunca percam a esperança nesses
dois.
Bem, a intenção dela ERA que Chasing Summer
fosse a última fiz longa que ela escreveria, mas ela não aguentou. Hehehe Ela
ama demais esses dois. Acho que, de todo o fandom, dentre todos os shippers de
Ereri/Riren, ela é a pessoa que mais ama Eren e Levi. Ela simplesmente não
consegue deixar de viver com eles. hahaha Ela é tão fiel, não é? Em algum
momento ela deu sim atenção a algumas dessas ideias, daí surgiram as duas fics
que ela está escrevendo simultaneamente agora: Metamorphosis e Resistance.
Vocês podem encontrar as duas na página dela do AO3. =)
Que escrita linda cheia de emoção e poesia, estou amando e chorando um litro de lagrimas, mas ainda confiante, obrigado!!bjss
ResponderExcluirLena tô sentindo falta de ca
ResponderExcluirEu tbmmm ç_ç
ExcluirQue capítulo lindo meu Deus!!! essa autora tem o dom de tocar a pessoa de um jeito que vc nem liga se ta sofrendo pela história
ResponderExcluirSomos duas, que saudade do Chi Cheng e do Wu Suo Wei.
ResponderExcluirGente essa pessoa devia ser escritora famosa, fazer mil livros, que escrita maravilhosa
ResponderExcluirConcordo
ExcluirSinto....
ResponderExcluirQuero.....
Sonho.........
Sempre espero....
Este capítulo me fez pensar assim...
Ai meu deus, pq fazem isso comigo? chorei o capitulo inteiro...
ResponderExcluirAh chorei junto com o Levi . Misericórdia!
ResponderExcluirO Jean é muito fofo e amigo né