Oi pessoal! ^^/
Depois de muito tempo sem atualizar essa fic maravilhosa, aqui estamos com mais dois capítulos de Chasing Summer. A minha intenção inicial era trazer um combo com os quatro últimos capítulos de CS, mas eu não consigo traduzir muito dessa fic de uma só vez... Ela me atingi bem no fundo do kokoro. E traduzindo esse capítulo, me peguei chorando de novo. Gente, que história linda e tão bem escrita... histórias bem escritas me trazem lágrimas aos olhos. T^T
Como não conseguir trazer os quatro capítulos dessa vez, vou deixar uma promessa de não demorar muito a trazer os últimos capítulos. =)
Muito obrigada àqueles que não me deixaram postergar ainda mais essa fic. ^^
Beijos~
Lena.
Fonte da imagem: Devianart by Krebony.
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Capítulo
23: Fim.
Resumo:
E eu sentirei meu mundo desmoronando
Eu sentirei minha vida desmoronando
Eu sentirei minha alma desmoronar [1]
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Notas da Autora:
Omg, esse capítulo foi tão difícil de escrever. Eu acho que
reescrevi ele vinte vezes. Eu sou super seletiva quanto a esses últimos
capítulos porque estes são os capítulos em que mais pensei, então eu não quero
passar direto por eles. Eu quero ir com calma, sabem?
De todo modo, esse capitulo é difícil e eu nem posso dizer,
“tenham esperança”, porque isso é escolha de vocês. Quero dizer, eu ainda quero
que vocês tenham esperança, mas eu tenho a sensação de que pessoas estão
desistindo dela. Não desistam.
P.S: Se vocês querem ouvir a música que eu ouvi enquanto escrevia
isso (ela vai deixar vocês mais tristes, eu juro), vocês podem aqui.
P.S.S: Esse não é o capítulo final. Esteve ocorrendo muita
confusão, então eu senti que isso precisava ser apontado. Ainda nos faltam mais
três capítulos antes do verdadeiro fim.
Agora vão ler. :)
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O tempo é indefinido, sem começo ou fim. Mesmo quando o sol morrer, e os humanos deixarem de existir, o tempo vai continuar, incólume. Ele sempre esteve bem fora de nosso alcance. Nós, como humanos, não podemos manipula-lo ou controla-lo, mas nós já sabíamos disso, não sabíamos, Eren? Desde começo o tempo esteve contra nós, mas nós escolhemos ficar um com o outro apesar disso.
Mesmo agora, com o nosso fim a centímetros
de nos consumir, eu vou amar você.
Porém, uma pergunta permanecerá pela minha
vida: Eu ficarei sempre esperando por você?
(x)
Foi preciso um pouco de persuasão, mas Eren
conseguiu convencer Grisha a sair da casa por uma hora. Havia alguma coisa que
ele queria me dizer e ele não queria fazer isso com o pai dele por perto.
Me guiando para o quintal, Eren pegou minha
mão na dele, entrelaçando nossos dedos. Eu tinha me oferecido para empurrá-lo
na cadeira de rodas aqui para fora, mas ele insistiu em andar. Mesmo depois de
descobrir que, no segundo que ele ficou de pé, sua respiração acelerou e
escapava de seus pulmões em rápidas lufadas. Ainda assim, aquilo não era
suficiente para pará-lo. Ele estava determinado a fazer isso por conta própria.
Ele estava provando algo, fazendo uma declaração final para essa doença que o
tinha devorado. Eu segurei a mão dele perto do meu peito e o observei enquanto
ele passava pela porta deslizante para o pátio de trás. Havia algo triste nos
olhos dele quando ele percebeu que até esse pequeno ato estava se tornando
impossível de se fazer.
Quando nós estávamos de pé no meio do
quintal, ele se abaixou na grama fria que era verde e brilhosa demais para ser
real. Eu me sentei ao lado dele, mantendo sua mão pressionada sobre meu
coração. Nós dois ficamos quietos enquanto olhávamos na distância. Por um
tempo, eu assisti ao seu peito subir e descer com cada respiração rítmica que
ele dava. Então, quando aquilo ficou demais, eu olhei para baixo, para nossas
mãos ligadas.
Depois que ele recuperou seu fôlego, o que
levou mais tempo do que jamais levou antes, ele disse, “Feche seus olhos e
sinta tudo a seu redor.”
Eu fechei meus olhos e instantaneamente
ouvi o vendo mexendo as folhas da árvore de bordo logo depois da cerca. Com
isso veio a essência sutil amores-perfeitos em floração. Tudo tinha um cheiro
terroso e vivo, que era ampliado pelo piar de pássaros acima. Mas eu não podia
esquecer a sensação da mão dele na minha. Os dedos dele estavam finos e
gelados. Isso me lembrou que tanto dele já havia sido reivindicado pela FPI, o
ladrão que veio e roubou tudo enquanto ele dormia. Por que ele tinha me trazido
aqui fora? O que ele tinha a dizer?
Eu mantive meus olhos fechados e perguntei,
“O que o seu pai lhe disse?”
Eren permaneceu em silêncio por vários
minutos, tempo suficiente para eu abrir meus olhos. Ele tinha jogado sua cabeça
para trás para olhar o vasto céu cinzento acima de nós. Suas bochechas e nariz
estavam avermelhados do vento amargo que bagunçava seu cabelo. “Estou
morrendo,” ele disse sem olhar para mim. “Eu nunca disse isso em voz alta
antes, mas eu devo ter pensado nisso umas mil vezes.” Agora ele olhava para
mim, com os olhos brilhando com lágrimas. “Estou morrendo e estou com medo.”
Eu procurei por palavras que iriam
confortá-lo, mas não podia pensar em nenhuma coisa para dizer. Parecia que eu estava
quebrando em pequenos, microscópicos pedaços que eu nunca seria capaz de
encontrar de novo porque ele os levaria com ele. Então, no fim, não importava
quantas vezes eu tentasse me remontar, eu nunca estaria completo.
“Eu sempre pensei que eu seria poupado,”
ele continuou. “Eu acreditei tolamente que eu seria salvado disso de alguma
forma, mas não há salvação para mim. FPI é cruel e ela vai me matar sem
piedade.” Eu estremeci, mas ele continuou. “Eu quero ser corajoso, mas eu não
sei mais como ser isso. Tudo o que me resta são as escolhas que me foram dadas.
Mais cedo, você perguntou o que você poderia fazer para me ajudar. Você disse
que faria qualquer coisa. Você quis mesmo dizer aquilo?”
Naquele tempo, eu quis. Agora, eu não tinha
muito certeza. O que ele iria me pedir?
Relutantemente, eu disse, “Sim.”
Eren se levantou. “ ‘Dói deixar ir, mas às vezes dói mais segurar’.” Ele se virou para
mim e estendeu a mão. “Dance comigo uma última vez.”
Última vez?
Última...
Eu me levantei em pernas instáveis. Tudo
dentro de mim estava prestes a desabar porque eu finalmente entendi. A maioria
das estrelas no céu noturno já estavam apagadas, apesar de nós ainda sermos
capazes de ver uma versão passada delas. Mas nós nunca saberíamos como elas
pareceriam hoje, no presente. O universo estava repleto de belos segredos que
não estávamos nem perto de descobrir. Isso também era verdadeiro para o corpo
humano. Não existia cura para FPI. Era um enigma que ninguém havia resolvido.
Quando eu estava de pé, Eren me pegou em
seus braços como se eu fosse delicado e quebrável, mesmo quando ele estava
tremendo tanto quanto eu. Nós estávamos nos revezando em quebrar em pedaços. A
linha que nos mantinha unidos agora estava se desfiando tão rápido; nós não
tínhamos esperança de impedi-la. Mas aquilo, de forma alguma, significava que
eu não tentaria. Eu não estava pronto para abrir mão. Eu não estava pronto para
desistir dele.
“Eu não vou dizer adeus,” eu disse.
“Eu não quero que diga.”
“Então por que você está fazendo isso?”
Ele deu um passo para trás, a luz fraca
fazendo as sombras debaixo dos olhos dele mais proeminentes contra sua pele
descorada. “Olhe pra mim,” ele disse, com os braços abertos. O peso que ele
havia perdido era evidente. O suéter que eu lhe dera para vestir estava grande
demais, caindo o suficiente para revelar a curva magra de sua clavícula. No
geral, ele parecia frágil, um fantasma de seu antigo eu. “Isso está apenas
começando, Levi. Em uma semana, eu vou parecer muito pior. Eu não quero que
você me veja desse jeito. Eu quero que você lembre de mim como eu era, não como
eu serei.”
“Mas...”
Sem olhar para mim, ele sussurrou, “Eu não
posso deixar você me ver morrer.”
Então, é isso? Depois de tudo pelo que
passamos juntos, nós fomos forçados a dizer adeus mesmo antes dele realmente
ter partido. A sensação era de estar preso em um pesadelo sem fim. Mas não
teria um despertar disso. Amanhã de manhã, e no dia seguinte, as palavras
trocadas aqui ainda seriam verdadeiras. Nada seria o mesmo depois de hoje.
Nada. Minha vida estava mudando e se distorcendo sem a minha permissão e não
havia absolutamente nada que eu pudesse fazer para impedir.
“Toda a areia em nossa ampulheta está no
fundo,” Eren disse, “e não tem jeito nenhum de eu virá-la de novo. Nosso tempo
acabou.” Ele tomou meu rosto em suas mãos, os polegares enxugando as lágrimas
em minhas bochechas. “Eu sinto muito por ser egoísta. Ver você assim machuca
tanto. Se eu pudesse retirar tudo...”
“Você realmente retiraria esses últimos
meses, Eren?” Minha voz soou quebrada e úmida. Tudo era enfatizado,
insuportavelmente claro e cortante, como se eu precisasse lembrar desse momento
preciso. Toda a vida vegetal nos rodeando estava brotando, como se tivesse
esquecido que o outono estava bem na esquina, esperando para tirar as folhas de
seus ramos.
“Não,” ele respondeu.
“Nem eu.” Em uma voz que era quase
irreconhecível, eu adicionei, “Tem sido um privilégio ser amado por você,
Eren.”
“Ah, Levi.” O jeito que ele disse meu nome
soou como se ele estivesse em uma dor imensa. Então ele me beijou, nossos
lábios ficando úmidos, mas com as lágrimas de quem?
Nós poderíamos estar parados ali no quintal
dele há minutos, horas, dias, e isso não faria diferença. Eu queria me pendurar
nesse segundo até que alguém o arrancasse de mim, me fizesse libertá-lo de
volta às dobras do tempo onde ele se tornaria insignificante. Havia pessoas lá
fora tirando vantagem de suas vidas, de sua saúde, sem nunca saber como era ter
tudo levado embora num piscar de olhos. Humanos eram tão incrivelmente
egoístas, queixando-se sobre a menor das coisas quando elas não faziam ideia da
dor que pessoas como Eren passavam.
Eu precisava socar uma parede, ou dirigir
até bater. Tinha alguma coisa escura e proibida começando a se formar dentro de
mim. Se isso era pesar, então isso me faria perigoso, venenoso a qualquer um e
a todos. Isso era muito pior do que quando Kenny me abandonou. Essa dor era
incontrolável e exigente. Ela sabia que eu estava me machucando e ela queria
converter essa dor em algo violento. Eu não me sentia desse jeito há um ano,
depois de ter forçado a mim mesmo a superar isso pelo bem de Jean porque,
naquele tempo, eu o estava arrastando para o fundo comigo.
“Levi?” Eren disse, cauteloso.
Eu balancei minha cabeça e me afastei um
passo dele. “Eu acho–eu devo ir.”
“Eu não acho que seja uma boa ideia.”
“Eu só... eu preciso sair daqui. Eu preciso
pensar.”
“Espera.” Ele agarrou meu braço em puro
desespero. Eu poderia ter me soltado dele facilmente, mas meu corpo obedeceu a
ele, mesmo quando minha mente estava me dizendo para ir, sair, descontar minha
dor e raiva em alguma coisa. Se eu ficasse ali, ele veria uma parte de mim que
eu nunca quis que ele visse. “Eu não posso voltar para dentro sozinho. Por
favor, me ajude.”
Eu olhei para ele, suas bochechas rosadas e
manchadas de lágrimas, mas não foi isso que chamou minha atenção. Foram os
olhos dele. Eles pareciam nervosos, preocupados. O que isso faria a ele se eu
desaparecesse por horas? Mas a raiva não se importava com nada disso. Tudo o
que ela desejava era liberdade, como um animal furioso que queria afundar os
dentes em alguma coisa, queria sentir o gosto de sangue.
“Só faça o que você precisa fazer aqui
mesmo,” Eren suplicou em um sussurro apressado. “Por favor. Não vá assim.”
Apertando minhas mãos em punhos, eu as
levei até minha testa e pressionei minhas juntas na minha pele, tentando
prevenir a mim mesmo. Palavras, perversas e cruéis, nadavam em minha cabeça.
Elas ameaçavam ser cuspidas de meus lábios, mas eu as mantive trancadas. Não
importava o quão irritado eu ficasse, eu não dirigiria isso a ele. Isso não era
obra dele. Não havia possibilidade dele mudar o resultado de sua vida.
Me agarrando a esse pensamento, eu girei
sobre meus calcanhares e andei até a lateral da casa. Eu a soquei tão forte que
meu braço vibrou com a força. Minhas juntas voltaram ensanguentadas e esfoladas.
Essa dor, a fisicalidade dela, era
algo em que eu podia me agarrar. Eventualmente, essa ferida iria curar, então
eu soquei a parede de novo. Atrás de mim, Eren soltou um ruído baixo e
angustiado que me danificou mais do que a parede.
“Droga!” Eu gritei em derrota. Todas essas
semanas assistindo a ele desaparecer estavam finalmente me atingindo. Eu queria
amaldiçoar quem quer que tivesse feito isso, quem quer que tivesse dito que
estaria tudo bem roubar a vida de alguém. Eu bati meus punhos repetidamente
contra a parede, incapaz de me controlar. “Foda-se. Foda-se tudo.” Então eu me
desfiz, caindo de joelhos como se alguém tivesse drenado minha energia. A raiva
escorreu de mim e tudo o que sobrou foi uma dor indescritível que me
atormentava como um corte que nunca cicatrizaria.
Com algum esforço, Eren fez seu caminho até
mim, descendo em seus joelhos para me pegar em seus braços. Eu deixei ele me
embalar em seu peito, me agarrando nas costas do suéter dele para mantê-lo
junto a mim. Minha mão latejava, mas eu aceitei a dor. Ela era uma distração
que eu precisava nesse momento.
“Quando?” Eu perguntei.
“Levi, não... Nós podemos falar sobre isso
depois.”
“Me diga quando,” eu solucei. “Eu preciso
saber quando você vai embora.”
Lentamente, ele disse, “Em uma semana.”
Eu ri. Soou sem esperança. “Entendo.”
Foi assim que nós ficamos até Grisha voltar
para casa e puxar Eren para seus braços. Depois que ele o levou para dentro,
ele voltou carregando bandagens com a intenção de enfaixar minhas juntas. Eu
balancei minha cabeça para elas porque eu não queria aliviar a dor. Sem dizer
nada a ele, eu me levantei e saí da casa. Eu não sabia aonde estava indo, mas
eu sabia que precisava sair. Eu tinha a caminhonete da Petra e meio tanque de
gasolina a minha disposição. A vontade de fugir estava de volta, mas dessa vez,
não havia ninguém ali para me impedir.
(x)
Eu dirigi até ficar sem gasolina. Então eu
abandonei a caminhonete e andei, minha mente uma bagunça caótica de pensamentos
misturados que me impulsionavam adiante. Eventualmente, entretanto, eu parei de
me sentir como um completo fracasso. No tempo que isto aconteceu, eu estava
exausto, minhas pernas batendo no ritmo do meu batimento cardíaco. Eu devia
estar a quilômetros e quilômetros de Shiganshina. Por um breve momento, eu
fiquei parado no acostamento da estrada sem saber o que fazer ou como consertar
isso.
Então, me recompondo, eu tirei meu celular
do bolso da frente. Eu liguei pro Jean. Uma placa não muito longe à frente
anunciava que eu estava quase em Trost. Eu havia andado mais do que pensava.
“Oi, imbecil,” Jean cumprimentou depois de
um toque. Logo aí, eu soube que ele estava furioso. Eu podia ouvir na voz dele.
“Se importa de me dizer onde diabos você está? Petra e eu estivemos procurando
por você por horas. Sem mencionar que seu namorado está em histeria.”
Eu apertei meus olhos. “Estou em Trost.
Estou preso aqui porque acabou a gasolina horas atrás.” Eu não mencionei que eu
estaria mais longe se a caminhonete estivesse com um tanque cheio.
“Filho da puta,” ele latiu no receptor.
“Você está falando sério agora? É claro que está falando sério. Obrigado por
levar o único carro que nós temos pelo maldito caminho. Agora eu tenho que sair
perguntando para ver quem é bom o suficiente para me emprestar o carro. Eu vou
matar você de porrada quando eu chegar aí. Espero que saiba disso.”
“Eu não me importaria de ser espancado.”
Ele suspirou longa e fortemente, fazendo a
estática emergir em meu ouvido. “Você vai se importar de ter suas bolas
chutadas para seu estômago. O que diabos você estava pensando, por acaso? Eren
praticamente precisou ser sedado antes de se acalmar. Eu sinceramente pensei
que ele acabaria no hospital. Ele ficou se culpando pelo seu sumiço. Me
explique o porquê disso.” Longe do telefone, ele gritou, “Petra, por favor peça
para o Treinador nos emprestar o carro dele! Você pergunta por que? Porque o
nosso anão vagou para Trost.”
“Ele vai embora,” eu disse, quase um
sussurro. Jean suspirou em exasperação, sem entender. “Em uma semana. Ele vai
embora em uma semana, Jean.”
Silêncio e mais silêncio.
Finalmente ele disse, “Merda. Estou indo
buscar você, okay? Só envie uma mensagem de texto para o Eren dizendo que você
não está morto em uma vala qualquer. Eu não estava mentindo quando disse que
ele estava pirando.”
“Vou enviar.”
Nós desligamos ao mesmo tempo. Eu podia ter
me sentado lá, esperando pelas próximas duas horas passarem, mas ao invés disso
eu comecei a andar de novo. Trost não era tão longe. Pelo menos enquanto eu
estivesse lá eu poderia me distrair. Sentar ali no acostamento me daria tempo
demais para pensar. Essa era a última coisa que eu precisava. Nesse momento,
meus pensamentos eram venenosos, tentando me atrair e consumir. Se eu me
mantivesse ocupado, eu podia escapar da tempestade, mesmo que por um curto
tempo.
Meus pés doíam, implorando que eu
descansasse, mas eu não parei até ter alcançado a primeira linha de lojas.
Nenhuma delas parecia atraente pelo lado de fora, todas com vitrines poeirentas
e placas desbotadas. Desinteressado, eu passei cada uma procurando por um lugar
que vendesse café. Foi quando eu avistei uma loja Tiffany & Co. Alianças de
casamento instantaneamente vieram em mente. Isto era tudo o que Eren tinha
pedido, um anel que serviria de lembrança de que eu uma vez fui dele e ele foi
meu.
Eu atravessei a rua apressado, evitando por
pouco ser batido por uma velha pick-up cujo motorista – um homem velho em uma
camiseta branca e suspensórios pretos – me mostrou o dedo do meio. Abrindo a
porta da loja, eu fui imediatamente recebido pelo cheiro excessivamente doce de
perfume de mulher. Eu ignorei isso e caminhei até o primeiro mostruário de
vidro que estava acomodado no centro da pequena loja. Enquanto eu examinava os
anéis, uma mulher em um terno preto andou lentamente até onde eu estava. Eu
olhei o lenço azul que estava amarrado com folga em volta do pescoço dela.
“Posso ajudar?” ela perguntou em uma voz
alegre, apesar de eu conseguir ver ela me medindo.
“Eu preciso de um anel que simbolize a
eternidade.”
Ela sorriu de um jeito falso. “Para sua
namorada?”
“Namorado,” eu corrigi. Agora ela pareceu
irritadiça. “Escuta, eu sou um cliente pagante. Assim que você me ajudar a
encontrar o que preciso, eu vou embora. Eu tenho dinheiro, se é com isso que
está preocupada.”
A mulher mexeu com seus cabelos loiros como
se eu tivesse acabado de gritar com ela. Então ela limpou a garganta, de volta
aos negócios. “Bem, o que você parece estar procurando é o anel nó da
eternidade. Ele simboliza amor eterno e uma ligação apertada que é difícil de
separar porque você está amarrado junto com seu parceiro. Isso soa como algo
que lhe interessaria?”
“Sim.”
“Por aqui então.” Ela me indicou a um
mostruário de vidro completamente diferente e apontou uma seleção de anéis
masculinos. Eles brilharam em tons prateados, dourados e pretos sob as luzes
ofuscantes que deixavam tudo branco. “Tem algum que chama a sua atenção?”
Eu desejei que Eren estivesse ali. Ele
saberia o que escolher. “Eu não sou muito bom com isso.”
Eu esperei que ela parecesse irritada
comigo, mas ela deve ter visto algo em minha expressão que a impediu de ser uma
vadia espinhosa pela segunda vez hoje. Com uma voz diferente, ela perguntou,
“Como ele é? Seu namorado?”
“Poético. Artístico. Insanamente belo.”
Ela – seu crachá a identificava como Kinley
– apontou para o vidro. “O que você acha daquele? Um artista francês o
desenhou.”
O anel que ela apontou parecia complicado,
prata tecendo dentro e fora uma da outra para formar um nó infinito único. Eu
imaginei o anel no dedo esguio de Eren e sorri porque cairia bem nele. Era
simples, mas complexo, como ele. Mas também era deslumbrante e elegante, tão
preciso e intencional quanto um dos desenhos dele. No que ele estava pensando
agora enquanto eu estava de pé aqui nesta joalheria? Ele estava com raiva de
mim por ter saído daquele jeito? Se ele estava, eu merecia.
“Vou comprar dois,” eu disse a ela.
Sem barulho, Kinley me deixou esperando e
empacotou os dois anéis com uma sacola de presentes azul turquesa. Enquanto ela
a entregava para mim, ela disse, “A razão para o meu comportamento mais cedo
não foi por causa do fato de você estar em um relacionamento com um rapaz, mas
porque você parece um pouco jovem para estar comprando alianças de casamento.
Eu sei que não é da minha conta falar qualquer coisa, mas eu queria me
explicar.”
Eu olhei para a sacola de presentes
pensativamente. “Nós somos jovens, e infelizmente um de nós vai morrer jovem
assim.”
Os olhos dela arregalaram em compreensão
repentina. “Oh. Oh, eu sinto muito. Eu fui tão rápida em julgar.” Ela
pressionou os dedos na testa, envergonhada. Então ela levantou o dedo
indicador. “Espere aqui. Eu volto já.” Ela correu precipitadamente para outra
parte da loja. Como ela pediu, eu fiquei parado e esperei no lugar onde ela me
deixara. Quando ela voltou, ela estava carregando mais uma caixa de presentes. Ela
a empurrou para mim. “É por conta da casa.”
“Hum, obrigado.” Eu peguei a sacola,
incapaz de encontrar os olhos dela. Isso estava ficando desconfortável.
“Não é problema. Por favor, volte sempre.”
Com minhas duas sacolas em mãos, eu saí da
Tiffany’s sem olhar para trás. De acordo com o relógio em meu celular, eu ainda
tinha algum tempo para matar, então eu perambulei pela rua. Trost era uma
cidade construída para viajantes cansados. Havia uma variedade de lojas
alinhando a rua que passava por toda a cidade, algumas velhas, outras novas, e
algumas no meio termo. Eu nunca pensei muito nelas, mas então meus olhos
passaram sobre um velho cinema familiar. O MALOO estava do jeito que eu
lembrava. Ali foi onde tudo começou.
Eren. Eu vou
amar seja o que for que você se tornar, então por que você está dizendo adeus
tão cedo?
Meu celular zumbiu em meu bolso,
despertando-me de meus pensamentos. Eu o fisguei. “Alô?”
Uma fungada. “Você poderia ter me ligado,
sabia?”
Eren. Era o Eren. Eu tinha esquecido de
enviar a mensagem. “Merda. Eu ia, mas eu fui distraído. Me desculpe.”
Outra fungada. “Você está com raiva de
mim?”
“Eu nunca fiquei com raiva de você. Eu
estava com raiva da situação.” Estou com
raiva do quão incapaz eu sou em relação a isso, eu pensei.
“Então você não vai se importar quando eu
aparecer com Jean e Petra?” ele perguntou. “Eu queria vir, porque eu preciso
ver você, para ter certeza que você está bem.”
Eu suspirei, me encostando na lateral de um
velho estúdio de tatuagem que parecia ter crescido saindo direto da parede de
tijolos vermelhos detrás dele. Fisicamente, eu estava bem. As minhas juntas
estavam horríveis, mas aquilo não era nada que eu não pudesse aguentar.
Emocionalmente, eu estava à beira de um surto mental. “Eu não me importo.”
“Você vai ficar bem? Você sabe... depois?”
“Eu provavelmente ficarei pior,” eu admiti.
“Você não pode simplesmente esperar que eu me recupere facilmente disso. Vai
levar um longo tempo antes que eu esteja bem de novo.”
Ele ficou quieto pelo que pareceu uma
pequena eternidade, apesar que eu pudesse ouvir o som do Jean tagarelando ao
fundo. Este era o jeito de eu saber que ele não havia desligado. Então, ele
disse, “Eu nunca pensei que seria tão difícil. Eu fui idiota de pensar que isso
sequer poderia ser fácil. Eu disse a mim mesmo, desde o começo, que eu tinha
todo o direito de ser egoísta, de estender as mãos e pegar o que eu quisesse.
Agora, eu...”
Eu não queria brigar. Em uma semana, ele
teria ido. Não tinha lógica em arrastar isso. Nada resultaria disso. “Eu sabia
da sua condição desde o começo, Eren. Não é como se você tivesse mentido pra
mim.”
“Ainda assim.”
Eu mudei de assunto. “Eu comprei uma coisa
pra você.”
“Comprou?” Ele soou surpreso e feliz. Assim
era melhor.
“Sim,” eu disse. “Mas eu não posso lhe
dizer o que é. Você terá que esperar até chegar aqui.”
“Eu posso ser paciente.”
Eu ri, porque ele realmente não podia. “Diga
ao Jean que eu estarei esperando na frente do Motel 6 que nós ficamos da última
vez que estivemos em Trost.”
“Okay. Veremos você logo, então.”
“É.” Eu finalizei a ligação e fiquei parado
lá na calçada olhando para cima, para o letreiro néon d’O MALOO. Eu não tinha
pensado muito em como eu ficaria quando Eren não estivesse mais em minha vida.
É claro que eu sabia o que aconteceria, mas eu nunca imaginei em detalhes para
me poupar da realidade disso. Em sete dias, eu estaria vivendo aquela
realidade. Eu não fazia ideia de como eu agiria então. Eu reverteria para a
pessoa que havia sido antes dele? Eu brigaria com Jean e Petra? Eu sairia sem
aviso de Shiganshina?
Pensar nisso tornou tudo infinitamente mais
real, então eu andei até o posto de abastecimento mais próximo e comprei dois
galões de gasolina por treze dólares (que porra de roubo). Isso seria
suficiente para colocar a caminhonete de volta na estrada. Eu teria que parar
para abastecê-la para poder voltar à cidade, mas isso não era tão ruim. Deus,
eu esqueci como estar com raiva consumia o tempo. Isso acabou comigo.
Aproximadamente quarenta minutos depois,
Jean parou no Motel 6 em um horrível caminhão de reboque vermelho que eu
instantaneamente reconheci como sendo do Erwin. Ele o havia trazido para a
garagem, para ajudar as pessoas sempre que elas ficassem no prego em algum
lugar, porém em uma cidade pequena como Shiganshina, isso mal importava. Alguém
poderia simplesmente empurrar seu carro quebrado para a garagem sem nenhum
problema e ninguém queria pagar a taxa para tê-lo guinchado. Basicamente, havia
sido inútil comprar a maldita coisa, mas o Treinador deixava Jean e eu usarmos
ele sempre que entrávamos de férias.
Quando Jean parou aquela coisa de merda no
lado da estrada, eu puxei a porta do lado do passageiro. Seria um ajuste
apertado, mas nós estávamos acostumados com isso. Não era tão diferente do
interior da caminhonete da Petra.
“Desça aqui,” eu disse para Eren, que
estava agarrado ao seu cilindro de oxigênio como se fosse uma corda
salva-vidas. Eu podia dizer que ele ainda pensava que eu estava com raiva dele.
Eu estendi meus braços como um convite. “Vamos. A menos que você queira que eu
sente no seu colo.”
Reajustando sua cânula, Eren me entregou
seu cilindro e esperou até eu colocá-lo na calçada antes de colocar seus braços
em volta do meu pescoço cuidadosamente. Eu o embalei em meus braços por mais
tempo que o necessário, então o coloquei de pé no chão. Eu desviei meu olhar
enquanto subia para o assento do passageiro. Eu sabia que todos aqui estavam preocupados
comigo, esperando que escorregasse e perdesse o controle, mas eu estava
exausto. Eu também não estava com vontade de discutir. O que eu queria era
dormir, abraçar Eren e dormir por horas.
Assim que estávamos todos abarrotados
dentro da cabine, Jean deu a volta e desceu a rua principal que nos levaria
pelo caminho que viemos. Ninguém falou sobre o que aconteceu, ou sobre minhas
juntas esfarrapadas que estavam bem a vista. Para variar, o rádio estava
desligado, então tudo o que eu podia ouvir era o som da gasolina mexendo dentro
da lata aos meus pés. Eu queria enterrar meu rosto no suéter do Eren, mas eu
nem tinha certeza se ele estaria bem com isso. Ele não estava se encostando em
mim e, sempre que eu me movia, ele ficava rígido.
Eu suspirei de alívio quando enxerguei a
caminhonete da Petra. Eu não aguentava mais o silêncio.
Enquanto Jean parava o reboque no
acostamento, ele disse, “Nós vamos conversar mais tarde, essa noite.” Agora ele viu minhas juntas. Alguma
coisa no rosto dele se comprimiu porque ele conhecia esse Levi.
“Tá,” eu disse. Eu abri a porta do
passageiro e esperei Eren descer.
Quando eu desci atrás dele, pegando a lata
de gasolina no processo, ele perguntou, “Você quer que eu volte com você na
caminhonete?”
Eu olhei para ele. “Se você quiser.”
Jean fez um som irritado no fundo de sua
garganta. “Será que já dá pra vocês pararem? Nós todos sabemos que vocês são
incrivelmente gays um para o outro, então só resolvam essa porra logo.”
Petra bateu no braço dele. “Jean, shh, não
é assunto nosso.”
“Que seja,” ele disse, sua pegada se
apertando no volante. “Você vai ficar conosco, Eren? Ou vai com o Levi?”
Eren pegou a alça de seu carrinho de
oxigênio. Por um segundo, eu pensei que ele fosse pular de volta no caminhão,
mas então ele disse, “Eu vou com ele. Obrigado por tudo.”
“É claro,” Petra disse a ele sorrindo. “Se
você alguma vez precisar conversar, você sabe que pode me chamar. Eu sei que
tudo isso é difícil pra você, mas não é culpa sua. Nós todos nos importamos com
você, Eren. E não se preocupe muito com o Levi. Nós o manteremos sob controle.
Nós sempre mantemos.”
Eu sorri ironicamente para ela levantando
uma sobrancelha. “Okay, mãe.”
Agora Jean sorria também. “Sim, respeite
seus velhos, Levi. Eu fui promovido a pai aqui.”
Eren enrugou o nariz. “Oh, Deus. Essa foi
uma imagem mental que poderia ter ficado sem. Mas obrigado, Petra. Eu sei que
vocês vão cuidar dele.”
Se inclinando para fora, Petra o abraçou e
sussurrou alguma coisa na orelha dele que fez seus olhos brilharem com
lágrimas. Ele abraçou-a mais apertado e, então, esperou ela voltar a se sentar
para que ele pudesse fechar a porta. Eles acenaram um para o outro enquanto
Jean voltava para a estrada.
“Aqui, eu vou lhe carregar para a
caminhonete antes de colocar a gasolina,” eu disse.
Eren se virou para me encarar. Havia algo
afiado em sua expressão que me pegou de surpresa, mas antes que eu pudesse
identificar o que, ele estava me beijando, forte. Nossos lábios foram esmagados
juntos e eu senti o gosto de sangue, mas eu o beijei de volta, enrolando meus
dedos no cabelo dele. Quando os dentes dele afundaram brutalmente no meu lábio
inferior, eu estremeci, mas não o afastei.
Com lágrimas nas bochechas, ele finalmente
se inclinou para trás e perguntou, quase com raiva, “O que tem na sacola?” Ele
gesticulou para a sacola de presentes da Tiffany’s que eu ainda segurava em
minha mão. Meu lábio estava cortado. Eu podia sentir.
Eu queria perguntar a ele o que acabara de
acontecer, mas ao invés disso eu virei o conteúdo da sacola na minha palma para
ele ver. Com cuidado, ele pegou uma das caixas azul turquesa e a abriu. Aninhado
no acolchoado branco estava o anel do nó do infinito. Por algum tempo, ele
olhou para ele com uma expressão ilegível no rosto. Então ele o tirou e
deslizou em seu dedo.
“Eu não sei mais como fazer isso,” ele
disse.
“Fazer o que?”
“Viver sem machucar você. É por isso que
estou partindo. Eu sei que você não entende, mas isso é algo que eu preciso
fazer.”
Eu segurei a mão dele. “O que o seu pai lhe
disse?”
“O que eu já sabia. Eu preciso ser
hospitalizado. Em breve, eu não serei capaz de viver sem estar preso a uma
máquina.”
Era difícil ficar reto. Eu queria me
encolher porque ele estava dizendo adeus para mim. Ele não queria me tirar dos
meus amigos, da minha vida. Ele não queria que eu o visse em um leito de
hospital, morrendo.
“Eu deixaria tudo para trás por você,” eu
sussurrei.
Ele olhou para mim. Havia tanta dor nos
olhos dele. “Eu sei, mas eu não vou deixar. Dessa vez, eu realmente cansei de
ser egoísta. Por favor, deixe-me fazer isso por você. Eu preciso fazer isso.”
Eu cobri meu rosto com minhas mãos. É
possível sentir sua alma se quebrando? “E quanto ao meu anel?” Eu perguntei.
“Eu coloquei o meu porque quero ser seu
para sempre. A decisão é sua se você usa o anel combinando.”
Com dedos trêmulos, eu abrir a outra caixa
e tirei o anel. Quando ele estava em meu dedo, eu disse, “Eu sempre vou querer
ser seu.”
(x)
Em uma semana, Eren saiu da cidade, e ele
levou tudo o que me fazia Levi com ele.
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Notas da
Autora:
Bem, wow. Sim. Eu me lembro de pensar nesse
capítulo mesmo antes de estar escrevendo essa história. Me surpreende eu estar
finalmente aqui. De qualquer modo, eu sinto muito. Eu sei que isso dói. Eu sei.
*se afasta porque eu não posso pensar em mais nada para dizer*
Eu amo vocês, okay? Tenham fé em mim.
Tenham fé no amor deles.
A propósito, se vocês queria saber como eu
imaginei o anel, vocês podem ser ele aqui [foto abaixo]. Esse não é um design com o nó do
infinito (só o nó), mas eu visualizei o anel nessa cor e estilo, só que,
obviamente, com o modelo do nó do infinito no lugar. :)
Obrigada por ficarem por aqui e lerem. <3
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Notas da
Tradutora:
[1] Mais uma citação da música
Falling Away From You da banda Muse.
^^
Um anel com o infinity knot pra vocês verem como é o nó. ^^
Eu to muito triste...
ResponderExcluirEsse capitulo acabo comigo...
Ai lena... Meu coraçao ta doendo d+ 😭😭😭
"e ele levou tudo o que me fazia Levi com ele."
Sabe o quanto isso me machucou?
Ah...
😭😭😭
Sim! Dói muito!!!! TT^TT
Excluirdesidratei T_T
ResponderExcluirmuito lindo este capitulo, obrigado bjss.
ResponderExcluirMeu deus chorando muito com esses últimos os capítulos 😢😢😢 chega a doer o coração .
ResponderExcluirMeu coração está destroçado. Meu Deus, eu conheço a dor e ela é do mal, sem dúvidas. Eu não consigo parar de chorar...
ResponderExcluirEREN.LEVI.......
ResponderExcluirSimplesmente destruída com esse capitulo, já estou com os olhos inchados de tanto chorar!!!
ResponderExcluirPor quê tanta maldade com o kokoro da gente assim???
Que tristeza. ❤ aguardando um milagre.
ResponderExcluirChorei muito nesse capítulo. Ai que droga !! Como doí, doí muito.
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